São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Cobrança de imposto depende da CBF

Receita Federal não tem relação dos produtos trazidos no vôo da seleção e espera que entidade forneça lista
Das sucursais de Brasília e do Rio e da Agência Folha em Juiz de Fora
O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, conta apenas com a boa vontade da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para obter uma listagem dos produtos que foram comprados pela delegação brasileira nos EUA.
Os produtos não foram fiscalizados pela Receita ao serem desembarcados no Aeroporto Internacional do Rio e os impostos não puderam ser cobrados.
Com esta eventual lista, o Ministério da Fazenda pretende iniciar os procedimentos para cobrar os impostos devidos. A Receita estima o débito em US$ 1 milhão.
A equipe de Ricupero reconhece reservadamente que não tem mais condições de cobrar o imposto exato.
Na prática, a cobrança de imposto com base numa eventual lista de compras apresentada pela CBF teria a função apenas de tentar o corrigir o estrago provocado no governo com a saída de Osiris Lopes Filho da Receita.
A equipe espera que o desgaste popular sofrido pela seleção ao não permitir a vistoria dos fiscais da Receita, no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, levará a CBF a produzir uma lista com as compras da delegação.
Apesar da Fazenda saber que não conseguirá recuperar o valor exato do imposto, Ricupero designou comissão de sindicância para apurar o que aconteceu no desembarque da delegação.
De acordo com portaria do ministro publicada na edição de ontem do "Diário Oficial da União", integram a comissão Joaquim Alfredo Soares Vianna (delegado da Delegacia de Administração da Fazenda no Rio), Serafim Cypriano Ferreira (Superintende Regional da Receita no Rio) e Ditimar Sousa Britto (produrador chefe do Gabinete da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional).
A comissão tem também como objetivo evitar uma rebelião na máquina da Receita em função da saída de Osiris Lopes Filho.
Quase uma semana depois do desembarque, o próprio ministro da Fazenda desabafa com assessores próximos que o governo errou ao liberar a bagagem da delegação.
Mesmo assim, Ricupero avalia que a CBF, com o apoio dos jogadores, criou tumulto e tornou impossível a fiscalização.
CBF
O supervisor técnico da seleção brasileira, Américo Faria, disse ontem que os membros da delegação estão dispostos a fornecer uma lista de tudo o que trouxeram dos Estados Unidos.
"Se formos solicitados, tenho certeza de que ninguém vai se negar. Isso é uma coisa individual, que para a CBF já é um assunto superado", afirmou.
Ele repetiu a informação de que ninguém da delegação se negou a passar na alfândega, apenas não aceitou que as bagagens só fossem retiradas no dia seguinte, como queriam funcionários da Receita.
Segundo Faria, a CBF está tentando liberar uma carga de 13 sacos que também estão retidas. São 13 sacos, disse ele, com material de treinamento dos jogadores.
Durante
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Mauro Durante, negou ontem em Juiz de Fora qualquer envolvimento seu e do presidente Itamar Franco na liberação da bagagem da seleção brasileira.
"Não sei de quem é a responsabilidade, mas eu e o presidente não temos nada com isso", disse em Juiz de Fora (MG).

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