São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Empresário sugere mudança de indexador

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, está propondo que todos os empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), hoje corrigidos pela TR, passem a ser indexados ao Índice de Preços no Atacado (IPA), da Fundação Getúlio Vargas.
É certo que a indexação pela TR está com os dias contados. A mudança da fórmula de cálculo, com o real, contaminou todo o estoque de empréstimos do BNDES, que são sempre de longo prazo.
Essa mudança alterou drasticamente as condições em que os empréstimos haviam sido tomados, prejudicando as empresas tomadoras. Em julho, com moeda estável, o BNDES cobra 8% de juros.
Como entre seus clientes há empresas que tomaram grandes financiamentos, como as petroquímicas e de papel e celulose, o custo tornou-se inviável.
Uma empresa com financiamento de US$ 400 milhões, como é o caso da Copene, uma petroquímica, passará a dever mais US$ 32 milhões este mês, só com o juro.
O BNDES reconhece que a situação é artificial e insustentável e está negociando a mudança do indexador. Cunha entende que a opção pelo IPA tem duas vantagens.
Em primeiro lugar, medindo preços no atacado, esse índice está muito próximo da realidade da indústria. Em segundo lugar, há um efeito punitivo. Se as indústrias aumentassem demais seus preços, isso empurraria o IPA para cima e aumentaria o custo dos empréstimos dos clientes do BNDES.
Como o BNDES é praticamente a única instituição que faz empréstimos de longo prazo, deve haver um interesse das indústrias em manter razoáveis as condições de negócio com esse banco.

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