São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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FHC censura mulher e evita crise com ACM

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, reprovou ontem publicamente sua mulher, a antropóloga Ruth Cardoso, por criticas feitas ao ex-governador baiano e candidato ao Senado Antônio Carlos Magalhães (PFL).
"Foi uma colocação infeliz", afirmou, referindo-se à declaração de sua mulher.
Ruth afirmou em uma entrevista que o "PFL tem Antônio Carlos, mas também tem o Gustavo Krause e o Reinhold Stephanes".
Krause é ex-ministro da Fazenda e atual candidato do PFL ao governo de Pernambuco. Stephanes é ex-ministro da Previdência.
Ambos têm bom trânsito no PSDB e são considerados políticos éticos.
A frase de Ruth causou mal-estar no interior da coligação PSDB-PFL-PTB, especialmente nos setores próximos a ACM. O ex-governador ameaçou responder.
Ruth é arredia a repórteres e evita dar entrevistas. Essa declaração sobre ACM foi publicada pelo "Jornal do Brasil"no domingo.
FHC saiu a campo para tentar evitar o conflito. Falou mais de uma vez por telefone com ACM.
Indagado se Ruth deu "uma escorregada", FHC disse: "Eu escorrego toda hora. Depende de como as pessoas dizem, de repente, fora de contexto".
FHC afirmou que ele e o PSDB estão "absolutamente contentes com o desempenho" de ACM.
Ruth acompanhou ontem em São Paulo as gravações que FHC fez para o horário de TV. Deixou o local apressada: "Não sei de nada. Nem li os jornais", disse.
Igreja do Bonfim
FHC acredita que a viagem que fará à Bahia nos dias 29 e 30 servirá para sepultar de vez o mal-estar com a declaração de Ruth. O candidato pretende cumprir uma extensa programação com ACM.
ACM quer levar FHC à Igreja do Senhor do Bonfim. Desde sua ida para o governo Itamar, FHC passou a usar uma fita do Senhor do Bonfim no pulso direito.
FHC não professava fé religiosa. Na campanha para prefeito de São Paulo, em 1985, manifestou dúvidas sobre sua crença em Deus durante um debate de TV.
"Respeito a religião do povo e, na medida que respeito as várias religiões do povo, estou automaticamente abrindo uma chance para a crença em Deus", disse então.
Adversários, principalmente Jânio Quadros, exploraram a declaração, dizendo que FHC era ateu.
Assessores atribuem até hoje a derrota em 85 a essa afirmação.
Desde então, FHC tenta demonstrar intimidade com a religião. Na visita a Juazeiro do Norte (CE), fez questão de posar com uma imagem do Padre Cícero.
ACM quer que FHC vá a um terreiro de candomblé. Para não haver problemas com a Igreja Católica, evitará que coincida com a ida à igreja do Senhor do Bonfim.
Segurança
O programa de FHC prevê a criação de uma secretaria nacional de segurança pública, que seria um órgão executivo do Conselho Nacional de Segurança Pública, subordinado ao Ministério da Justiça.
O programa prevê a criação de um cadastro nacional de crimes.

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