São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Só deixo a França com minha filha"

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A arquiteta brasileira Conceição de Britto Gonzalez, 35, só pretende voltar ao Brasil quando sua filha, desaparecida na França, for encontrada.
Conceição teve Natasha, 6, sequestrada pelo pai francês, Joel Gaget, em Oullins (sul da França), em 15 de fevereiro último.
Nesse dia, ela ganhou, na Justiça francesa, a guarda da menina. O pai, que antes tinha a guarda da criança, logo após essa decisão tirou a criança da escola e sumiu.
Ela e Gaget estão definitivamente separados desde 14 de janeiro de 1993, quando o francês estava em São Paulo, em visita à família de Conceição, tentando reconciliação.
Apesar de ter conseguido a guarda de Natasha, Conceição está aflita. "Tenho os papéis, mas não tenho a minha filha. Agora só deixo a França com ela. Esse é o meu grito", se inflama.
Segundo Conceição, tem existido certa indiferença da polícia local em relação ao caso. "Sou uma estrangeira na França e você sabe como são as coisas aqui."
O maior apoio que recebeu foi de sua advogada Marise Prevot-Ssailer, que ganhou a causa para Conceição.
Em primeira audiência, em fevereiro, a decisão favorável à brasileira foi dada pela juíza Marie Lacroix, em Lyon (sul da França).
Após recurso impetrado pelo pai, os juízes Jacques Hedere, Marc Gourd e Christian Chamouton confirmaram a determinação anterior, em 23 de junho.
Até então, Natasha estava sob guarda do pai –obtida na França sem o conhecimento de Conceição, após uma das várias separações do casal, que se conheceu em Los Angeles (EUA), em 1985.
Brigas
Numa dessas brigas, Gaget, 43, disse, conta Conceição, que ela não veria mais a menina, se o abandonasse. "E nenhum juiz francês te dará Natasha de volta", teria dito Gaget a Conceição.
Após cada briga, Gaget mudava de atitude. Dizia, conta Conceição, que "os papéis não valiam nada" e que queria a família unida.
Segundo Conceição, que fala inglês e francês, o pai de Natasha controlava muito a sua vida.
Ela conta que ele a obrigava a cumprir tarefas caseiras obrigatórias.
Numa dessas discussões, Gaget a expulsou de casa, em Oullins, deixando-a na rua, sob frio intenso, com apenas um pano de chão como proteção.
"Você pensa que só tem machão no Brasil?", pergunta Conceição, que agora quer esquecer o passado.
"Só quero achar minha filha e voltar ao Brasil", diz.

Texto Anterior: Polícia prende sete no Rio
Próximo Texto: Estuprada tenta exame por 12 h e não consegue
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.