São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Defesa busca provas contra versão policial

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI

Defesa busca provas contra versão pocilial Da Reportagem Local
Todos os passos dados pela Justiça paranaense na apuração da morte de Evandro Caetano estão sendo colocados em cheque pela defesa dos acusados.
Entre as provas que desmontariam a versão da polícia, está a morte de César Samuel Ruppel, 27, em 23 de outubro de 1992.
Ruppel foi responsável pelo transporte do corpo do menino do local do crime até Paranaguá (PR), onde houve a primeira autópsia.
O advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto sustenta que a polícia descartou do inquérito as investigações sobre Ruppel.
"César foi morto em circunstâncias misteriosas, certamente por envenenamento. E o corpo que dizem ser o de Evandro teve suas características adulteradas. Foi vestido e despido, foi mexido", diz.
O caso, iniciado em 92, avançou no ano passado, quando o promotor especial Antônio César Cioffi de Moura acatou as investigações da polícia e denunciou sete pessoas pelo crime.
Os denunciados são Celina e Beatriz Abagge, mulher e filha do ex-prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge, os pais-de-santo Oswaldo Marceneiro e Vicente Ferreira, o ajudante Davi dos Santos e dois assessores do ex-prefeito, Airton Bardelli e Francisco Cristofolini.
Marceneiro teria confessado ter matado o menino –segundo ele, a mando de Celina e Beatriz.
A polícia achou um caderno que pertenceria a Marceneiro com nomes de pessoas que teriam "encomendado trabalhos" de magia negra, como Aldo e Celina Abagge.
A polícia também chegou a investigar a ligação do crime com o argentino José Teruggi e sua companheira, a brasileira Valentina de Andrade, líderes da seita Lineamento Universal Superior.
Apesar de a Justiça considerá-lo esclarecido, a prova material e circunstancial do crime é frágil.
Trata-se de uma confissão gravada em fita de vídeo por agentes do serviço reservado da polícia paranaense, o "Grupo Águia".
Na confissão, Celina e Beatriz Abagge teriam dito que haviam encomendado a morte de Evandro para obter "fortuna e justiça".
Depois, sustentaram em juízo que teriam sido torturadas e sofrido ameaças de estupro para confessar o crime. A PM negou a versão.
(Claudio Julio Tognolli)

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