São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Assinado o fim da guerra entre Israel e Jordânia

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e o rei Hussein, da Jordânia, assinaram ontem pela manhã na Casa Branca, em Washington, uma declaração de paz para formalizar o fim de 46 anos de hostilidades entre os dois países.
O acordo, chamado Declaração de Washington, incluiu um tratado de cooperação econômica entre Israel e Jordânia.
"Sua majestade, todo o Estado de Israel está apertando a sua mão neste momento", disse Rabin a Hussein enquanto trocavam o aperto de mão.
"Este é um dia de esperança e de novas visões, disse Hussein.
O presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, anfitrião do acordo de paz, chamou os dois líderes de "visionários".
Em represália ao acordo, guerrilheiros fundamentalistas pró-Irã do Hizbollah atacaram soldados israelenses ao sul do Líbano.
Um oficial morreu e cinco soldados ficaram feridos. Horas depois, Israel bombardeou as posições da guerrilha pró-Irã.
Na Jordânia, centenas de pessoas fizeram protestos nas ruas contra a assinatura do acordo.
Os protestos foram convocados por fundamentalistas islâmicos que pregam a destruição de Israel.
A declaração de paz inclui também acordos na área de comércio, bancos, telefonia e eletricidade e abre as fronteiras entre os dois países para o turismo.
O encontro entre Rabin e o rei Hussein foi visivelmente mais caloroso do que a assinatura do acordo entre o primeiro-ministro de Israel e o líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Iasser Arafat, na Casa Branca em setembro passado.
Na ocasião, Arafat estendeu a mão e Rabin hesitou por vários segundos antes de cumprimentar o líder árabe no acordo que deu autonomia aos palestinos nos territórios ocupados por Israel.
Arafat congratulou ontem Rabin e Hussein pela assinatura do acordo de paz.
Apesar do "estado de guerra", o relacionamento entre Israel e Jordânia é pacífico há anos.
O rei Hussein já havia participado de encontros secretos no passado com diversos líderes de Israel, entre eles o próprio Rabin, para pavimentar o acordo assinado ontem.
Hussein governa um país onde a metade da população descende de palestinos e procedeu com muita cautela nessas negociações.
Apenas recentemente ele se declarou favorável a um acordo com Israel sem a adesão da Síria.
O secretário de Estado norte-americano, Warren Christopher, deve embarcar no início de agosto para o Oriente Médio para tentar desta vez um acordo entre Israel e Síria que coloque um fim ao conflito entre os dois países.
A Síria é o principal adversário de Israel e o diálogo entre os dois países é o mais difícil das negociações de paz para o Oriente Médio.

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