São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Cólera está fora de controle no Zaire

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O secretário-geral para assuntos humanitários da ONU, Peter Hansen, disse ontem que a epidemia de cólera que atinge ruandeses em campos de refugiados no Zaire está fora de controle.
Hansen admitiu ainda que a organização não tem recursos nem pessoal suficientes para lidar com o problema.
A organização Médicos Sem Fronteiras estima que a doença já matou 14 mil pessoas. Cerca de 3.000 morrem por dia.
Estão no Zaire mais de 1 milhão de refugiados de Ruanda. Por causa do grande número de mortos, a ONU decidiu ontem começar a queimar os corpos das vítimas.
"Os locais de sepultamento estão cheios e os corpos continuam se acumulando", justificou um porta-voz.
O solo de Goma também dificulta o sepultamento dos mortos. Tropas francesas tentavam ontem abrir buracos no solo de rocha vulcânica da região com a ajuda de explosivos.
Cerca de mil refugiados começaram a voltar ontem a Ruanda e alguns milhares estavam a caminho, segundo a FPR (Frente Patriótica Ruandesa).
"Estamos todos morrendo. É melhor ser morto em Ruanda", disse um refugiado ao deixar o Zaire. A passagem do Zaire para Ruanda foi reaberta anteontem.
A fuga de refugiados, em sua maioria hutus, começou no início do mês, após a vitória na guerra de guerrilheiros da etnia rival tutsi. Estima-se que 500 mil pessoas morreram no conflito de Ruanda.
O ministro do Exterior da França, Allain Juppé, criticou o novo governo de Ruanda, que segundo ele quer julgar até 40 mil pessoas acusadas por massacres.
Ele disse que a disposição inibe a volta de refugiados ao país.
O comandante da missão da ONU em Ruanda, general Romeo Dallaire, disse que a organização pode concentrar a ajuda humanitária na capital, Kigali, para atrair refugiados de volta para Ruanda.
O presidente do novo governo ruandês, Pasteur Bizimungu (hutu moderado), esteve ontem com o chefe militar do Zaire, Mobutu Sese Seko, para discutir a volta dos refugiados a Ruanda.
O governo dos Estados Unidos decidiu suspender ontem o lançamento de comida em campos de refugiados no Zaire.
Entidades humanitárias dizem que a operação não atingiu os alvos desejados e é uma tentativa às pressas de mostrar a presença norte-americana na região.
Um porta-voz da ONU disse que a organização estava avaliando os resultados da operação. Diplomatas americanos negociavam a continuação da operação.
Os líderes do governo deposto de Ruanda, exilados no Zaire com cerca de 20 mil soldados, foram impedidos ontem por militares locais de conceder entrevistas.
Um general do Exército do Zaire, que não quis se identificar, disse que os oficiais ruandeses não tinham permissão e deveriam tê-la requisitado ao governo antes de realizar a entrevista.
Eles redigiram um documento pedindo envio de uma força internacional ao país, a realização de eleições e também que os exércitos dos dois países sejam confinados em áreas determinadas.

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