São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Buenos Aires tem três novos presos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três pessoas foram presas ontem em Buenos Aires em conexão com o atentado às instalações de duas entidades judaicas na segunda-feira da semana passada.
Dois dos presos estão ligados ao carro usado no ataque. Os investigadores concluíram que foi usado um carro-bomba carregado com cerca de 150 kg de explosivo.
O carro pode ter sido estacionado na frente ou atirado contra o prédio que abrigava a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) e a Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia).
Pelo menos 96 pessoas morreram. Ainda há 14 desaparecidos.
O motor do veículo foi encontrado pela equipe de resgate, o que permitiu identificá-lo. Um dos presos é ou foi proprietário do carro.
A terceira pessoa detida é uma mulher iraniana. Ela tentava embarcar no aeroporto com um passaporte aparentemente adulterado.
O governo argentino, as instituições judaicas e Israel atribuem o atentado a um grupo islâmico –talvez o Hizbollah, milícia xiita libanesa– apoiado pelo Irã.
"A investigação está avançando rapidamente", disse ontem o presidente argentino Carlos Menem ao falar sobre as novas prisões.
O general Zeev Livne, chefe da equipe israelense de resgate que auxiliou nas buscas entre os escombros, disse acreditar que se tratou de um ataque suicida.
"Achamos pedaços de um carro com um cadáver dentro que poderia ser o do motorista", disse.
O governo argentino definiu que serão pagos US$ 55 mil às famílias dos mortos no atentado.
O embaixador do Irã em Buenos Aires entregou carta ao governo argentino em que seu país condena o atentado e se oferece para ajudar.
O embaixador Hadi Soleimanpour, no entanto, é investigado por israelenses e argentinos.
O jornal "Página 12" de Buenos Aires disse que Soleimanpour foi dirigente de uma agência iraniana de apoio a revolucionários islâmicos no exterior.
Soleimanpour, que trabalhou na Embaixada do Irã em Madri, teve que deixar o país a pedido do governo espanhol que o acusava de estar ligado a atentados na Europa.
O chanceler libanês, Faris Bouez, disse ontem que o grupo Ansarallah, que reivindicou o atentado de Buenos Aires através de comunicado divulgado em Beirute, não existe.
O embaixador israelense na ONU, Gad Yaacobi, disse em carta ao secretário-geral Boutros Boutros-Ghali que o Irã é o responsável pelo ataque à Amia.
O governo panamenho aceitou a participação de Israel na investigação do atentado que derrubou um Bandeirante na semana passada. Os 21 ocupantes do avião –dos quais 12 judeus– morreram.

Texto Anterior: Carro-bomba explode em Londres e fere 13
Próximo Texto: Ato em SP lembra os ataques
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.