São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 1994 |
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'Carmen' tenta disfarçar pobreza da versão concerto Público aplaude Rosana Lamosa em clima de tetra IRINEU FRANCO PERPETUO
Estavam lá os diálogos falados, as legendas, o colorido carnavalesco das roupas do coro feminino. Elementos que, com a versão em "cortina lírica", caem no vazio. Jadranka Jovanovic foi a expressão deste hibridismo. Na récita de anteontem à noite, no Municipal, a mezzo-soprano entrou decidida a seduzir. Vestida a caráter, tocou castanholas e requebrou, lânguida, na direção do tenor. Trejeitos que, no exíguo espaço destinado aos solistas, perderam o sentido. Ficou apenas sua voz, escura e sem potência. O tenor Edmund Barham foi a vaca premiada da noite. Com saúde de touro, fez sua voz potente trovejar sobre os metais infalivelmente desafinados da orquestra. Mauro Silva do canto lírico, seu vigor físico não oculta a falta de classe. Incapaz de cantar em piano, tanto para amar, quanto para matar, berrou sempre da mesma maneira. Boris Martinovic, o Escamillo, foi o único solista internacional a sobreviver à hecatombe. Mas o público tupiniquim elegeu como estrela da noite a soprano Rosana Lamosa. Decidida a roubar a cena, Lamosa entrou envergando um vestido cujo talhe insinuante nãom tem nada a ver com o caráter casto e inocente de seu personagem, Micaela. Em clima de tetra, a torcida ovacionou a bela voz da cantora verde-amarela, preferindo desconsiderar seus problemas de potência e extensão vocal. Ópera: Carmen, de Georges Bizet Maestro: Isaac Karabtchevsky Com: Orquestra Sinfônica Municipal, Coral Lírico e St. Paul's Boys Choir Elenco: Jadranka Jovanovic (Carmen), Edmund Barham (Don José), Boris Martinovic (Escamillo) e Rosana Lamosa (Micaela), entre outros Quando: hoje e 2 de agosto às 20h30, dia 30 de julho às 17h Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 011/222-8698, região central) Quanto: de R$ 6,00 a R$ 13,00 Texto Anterior: As eternas Rainhas do Rádio estão de volta Índice |
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