São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994
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Tucano promete Brasil no Primeiro Mundo

GABRIELA WOLTHERS e LUCIO VAZ

GABRIELA WOLTHERS; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, afirmou ontem que "20 anos devem bastar" para que o Brasil "ocupe um lugar" no Primeiro Mundo.
A declaração foi feita no Memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília, onde o tucano lançou as diretrizes de sua proposta de governo.
O ex-presidente Fernando Collor (1990 a 1992) foi o último a prometer levar o país ao Primeiro Mundo, transformando-o em "um dos últimos entre os primeiros países", em reunião com empresários norte-americanos em 1990.
A diferença é que FHC afirmou que seu eventual governo será suficiente para fixar o rumo para que o país dê "um salto de qualidade no espaço de uma geração".
No discurso, chamado de "O Real e o Sonho", FHC disse que três pilares farão com que o país se insira na economia internacional –o desenvolvimento da educação, da ciência e da tecnologia.
"Se a educação é a base do novo estilo de desenvolvimento, o que lhe garante dinamismo e sustentação é o progresso científico e tecnológico", disse FHC.
Mais de 500 pessoas ouviram o discurso do tucano. Dois ministros foram chamados para compor a mesa –Alexis Stepanenko, das Minas e Energia, e Elcio Álvares, da Indústria e Comércio.
Ao apresentar os ministros, o locutor não revelou seus cargos. Disse apenas "doutor" Stepanenko e "doutor" Álvares.
"Estou aqui como cidadão e não como ministro", explicou Stepanenko. Os ministros da Justiça, Alexandre Dupeyrat, e o interino do Planejamento, Raul Jungmann, também estiveram na solenidade.
O ato foi aberto com um discurso de Márcia Kubitschek, filha de JK e candidata ao Senado pelo PP do Distrito Federal.
Ela entregou a FHC o plano de metas que seu pai preparou para 1965. Presidente de 1956 a 1961, JK pretendia se reeleger em 65, mas teve seus direitos cassados pelo regime militar.
O governo José Sarney (85 a 90) foi lembrado por Márcia ao afirmar ser necessário o término da construção da ferrovia Norte-Sul.
FHC, por sua vez, disse que a experiência de distribuição de leite "oferece-nos exemplos de parceria entre Estado e sociedade, que deveremos estimular". Estas foram duas das realizações de Sarney.
Apesar de não citar o nome do candidato do PT, Lula, FHC "alfinetou" o oponente. "Não fujo a debates porque o Brasil cansou de simulação" e "quem se recusa a fazer a revisão constitucional é demagogo" foram algumas indiretas.
Tática do Real
O deputado Maurílio Ferreira Lima (PSDB-PE) explicou ontem como FHC pretende vender a idéia de inflação negativa (deflação) em sua campanha.
"A partir de 1º de agosto, vamos ter inflação negativa por três meses. Acontece que os preços subiram muito antes do real. Agora, vão descer naturalmente", disse.
Pelo raciocínio de Maurílio, não serão levados em conta os aumentos registrados nos últimos dias de junho e na virada para a implantação do real, dia 1º de julho.
O discurso de campanha vai esquecer que o plano de estabilização começou com a URV, em março –só conta a partir do lançamento do real.
O deputado foi lembrado de que os aumentos de junho geraram uma inflação em URV, unidade de referência que faz parte do Plano Real. "Não importa. A inflação em real é medida a partir de 1º de julho", disse.

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