São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 1994
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Agenda nova

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os primeiros debates na campanha para presidente anunciam, muito mais do que as promessas de sempre dos candidatos, o poder crescente da sociedade civil. Sociedade civil, para além da definição anterior –de oposição.
No início desta semana, a Rede Manchete transmitiu o primeiro deles, inteiramente voltado, não para os interesses de imagem dos presidenciáveis, mas para as preocupações de programa do empresariado.
As perguntas foram feitas por empresários, reunidos pela Associação Comercial do Rio –tendo como questionadores, entre outros, Mário Amato, da Indústria, e Guilherme Afif Domingos, do Comércio.
O segundo debate, que a TV Bandeirantes programou para ontem, também teve como foco de interesse, não aquele da imagem dos candidatos, mas o de programa da Igreja Católica –através da sua conferência dos bispos, a CNBB.
O maior poder da sociedade organizada fica mais evidente quando se nota que os eventos não foram debates, no sentido das campanhas anteriores. Os políticos não debatiam entre si, mas com as entidades.
É a sociedade civil que está definindo a chamada agenda, na atual campanha. Nada dos homens de marketing, depois da eleição de Collor.
Lula e os bispos
O que não foi nada positivo –neste anúncio de predomínio da sociedade civil na eleição– foi a fuga de Lula do primeiro debate, dos empresários.
Lula só aceita os bispos.
Oficiais de Justiça
Depois de Romário posar ao lado de Ricardo Teixeira no Jornal Nacional, já era mesmo de esperar uma reação assim, com um rancor igual.
O que antes estava voltado aos cartolas atingiu ontem os jogadores todos, com o anúncio pela televisão de que "oficiais de Justiça" estariam saindo, àquela noite, atrás do maior atacante brasileiro.
Uma humilhação que já está correndo mundo. Ontem na CNN, a notícia foi destaque com um texto cheio de ironia, como das outras vezes:
"Justiça está obrigando os integrantes da equipe campeã mundial de futebol a pagar os impostos de alfândega por tudo o que eles levaram dos Estados Unidos. Além do troféu, os membros da seleção brasileira chegaram com carregamento de mais de quinze toneladas –em televisores, fornos microondas e outros equipamentos."

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