São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Fragilidade das regras é o problema do plano

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal problema político do Plano Real está na fragilidade institucional das regras básicas do programa. A rigor, todas as regras podem ser modificadas pelo ministro da Fazenda ou pelo novo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Como esse CMN é integrado pelos ministros da Fazenda, do Planejamento, e pelo presidente do Banco Central (BC), o controle do programa passa a depender da força política dessas autoridades.
Por enquanto, é sólida a sua posição, dado o êxito do plano. Mas qualquer dificuldade pode levar ameaças à condução do programa.
Eis a situação de controle do plano:
Câmbio - O parágrafo 2º do artigo 3º da medida provisória do real estabelece a paridade US$ 1,00 igual a R$ 1,00. Mas a letra "c" do parágrafo 4º diz que o CMN poderá modificar essa paridade, a seu juízo e quando quiser.
Tarifas - O artigo 47 determina que o reajuste das tarifas públicas é anual. Mas o parágrafo 1º ressalva que o Executivo poderá mudar essa regra a qualquer instante.
Avais - O artigo 48 suspende por 90 dias a concessão de avais pelo Tesouro Nacional em qualquer tipo de empréstimo tomado por órgãos públicos, governos estaduais e prefeituras.
O parágrafo 4º ressalva que o presidente da República, por proposta do ministro da Fazenda e "em condições excepcionais", pode autorizar avais.
Emissão - As metas de emissão de moeda são regra mais rígida. O BC poderá emitir até R$ 7,5 bilhões até 30 de setembro e R$ 8,5 bilhões até 31 de dezembro. Mesmo aqui, o CMN pode estourar essas metas em até 20%. (CAS)

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