São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Campeão mundial de analfabetismo

MARIO VITOR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto nos países desenvolvidos a competitividade ultrapassa o âmbito das empresas, para englobar a capacitação das sociedades como um todo, o Brasil bate recordes na produção em massa de anticidadãos.
Levantamento do Unicef, órgão da ONU para a infância, em 129 países, conseguido com exclusividade pelo jornalista Gilberto Dimenstein, revela que o país tem o pior desempenho de todos quando comparada a taxa de evasão do ensino básico com as potencialidades econômicas nacionais.
Pelo estágio da economia, diz o Unicef, seria esperado que 88% das crianças matriculadas no primeiro grau concluíssem a 5ª série, a faixa limite do chamado analfabetismo funcional, mas só 39% chegam lá.
O Brasil, assim, está em último na lista, atrás de Somália, Etiópia e Haiti, a desoladora trindade da miséria.
Ensino básico no Brasil nunca foi prioridade. Sempre foi instrumento de marginalização e não de integração social; sempre foi arma eleitoral, nunca de ação administrativa.
O próximo presidente terá a chance de alterar a rotina calamitosa. Mas será que algum dos candidatos acha que dá pra vencer o Haiti?

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