São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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'Pedagogia da repetência' atrapalha o desempenho

DA REPORTAGEM LOCAL

É cada vez mais aceito que os indicadores educacionais são cada vez mais relevantes para avaliar as potencialidades econômicas de uma país. Mas em países pobres, como o Brasil, a simples miséria ainda é um determinante dos resultados em educação.
Segundo relatório do pesquisador Sérgio Costa Ribeiro, "tudo indica que as populações pobres em regiões mais desenvolvidas são mais favorecidas que populações em regiões mais pobres.
O estudo de Ribeiro, "A educação e a inserção do Brasil na modernidade", de 1992, diz que há um excedente de serviços nas regiões mais ricas que são apropriados pelos menos favorecidos. Este diferencial influi na taxa de evasão escolar (veja quadro ao lado).
Segundo o pesquisador, trabalhos sobre a repetência e evasão mostram que representações de professores sobre os alunos influem no desempenho. "Com poucas semanas de aula, os professores já decidiram que vai 'passar' e quem não vai".
Para Ribeiro, existe uma "pedagogia da repetência". Os indicadores utilizados, mal empregados e lidos com metodologias precárias, agigantam o problema.
"A corporação dos professores se apóia nestes erros para não assumir maiores responsabilidades sobre as consequências desse fracasso escolar", diz Ribeiro.
Reciclagem
Se parte do problema pode estar na má formação dos professores, as estratégias para corrigi-lo também não têm funcionado.
Apesar disso, nos últimos anos as taxas anuais de repetência no Estado têm se mantido as mesmas.
Outras iniciativas, como programas de atenção à criança (turnos maiores, mais merenda escolar), e o fim da reprovação para os alunos dos primeiros anos da escola primária, experiência implementada em vários estados brasileiros na última década, também não tiveram resultados notáveis.
Programas a longo prazo, como o adotado na prefeitura de São Paulo no final da década passada, com melhorias salariais para professores e rediscussão curricular, deram resultados melhores. A repetência cehgou a cair cerca de 10% ao ano.

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