São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Educação influi no produto econômico

DA REPORTAGEM LOCAL

Indicadores como o PIB (Produto Interno Bruto, soma de toda a produção de uma economia nacional em um ano), tem cada vez menos valor como medida isolada do desenvolvimento de uma país.
Indicadores sobre o desenvolvimento humano hoje em dia são fundamentais para avalaiar a capacidade de uma país fugir da pobreza ou atingir o bem estar-social.
Quanto melhores os índices de um país em relação ao desenvolvimento da pessoa (saúde e educação, especialmente) em relação ao PIB, melhores são as suas perspectivas de desenvolvimento.
Um exemplo dessa avaliação relativa das potencialidades relativas de um país é o estudo do Unicef sobre o nível de escolaridade básica em relação à potencialidade econômica.
Nesse item, o Brasil vai mal –ocupa atualmente o último lugar no mundo. A situação não melhora se considerados as taxas de matrícula no 2.º grau (vja quadro ao lado). Os números do Brasil quase sempre perdem para os países da Amárica Latina.
Estudos de desenvolvimento comparado mostram que para cada grau de escolaridade médio que ultrapassa o nível de escolaridade esperado para países com uma certa renda per capita, há um crescimento verificável da economia nacional de 0,35%.
O nível de escolaridade média também permite avaliar potencialidades de indicadores como crescimento de exportações e até o comportamento da taxa de crescimento demográfico e de mortalidade infantil.
Graus a mais de escolaridade prevista diminuem o crescimento populacional e aumentam as exportações.
Para que se obtenham esses resultados, no entanto, é necessário que sejam mantidas ou ampliadas as taxas de escolarização por períodos de 20 a 25 anos. Quer dizer, um projeto de desenvolvimento humano é de longo prazo e os seus efeitos não aparecem de um ano para outro.
O aumento absoluto das taxas de matrícula, no entanto, por si só não garante o retorno social e econômico estimado nos estudos citados.
Pesquisas realizadas no Brasil e compiladas pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano) mostram que a qualidade de ensino é determinante na obtenção de resultados. Os indicadores oficiais não mostrariam a realidade do aprendizado.
A taxa de retorno do ensino para os indivíduos cai em 50% quando não se avalia apenas o número de anos cursados, mas também a qualidade do ensino oferecido.

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