São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Rio rejeita rede federal falida

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Com a maioria dos hospitais sucateados, faltando profissionais, remédios e equipamentos, a rede do Ministério da Saúde no Grande Rio se tornou um enorme abacaxi.
Um problema, de cara manutenção, que a Secretaria Municipal de Saúde do Rio se recusa a assumir – o que vem impedindo a implantação do SUS (Sistema Único de Saúde) no município.
A prefeitura não se anima a arcar com esse ônus mesmo com a decisão do governo federal de recrutar mais 2.641 profissionais de saúde e investir na rede R$ 26 milhões, até o final do ano.
Sem contar a mão-de-obra, o secretário municipal de Saúde, Ronaldo Gazzola, diz que o pagamento do ministério por procedimentos médicos (internações e consultas) cobre "no máximo" 70% dos custos de uma unidade de saúde pública.
Para absorver a rede federal e bancar a diferença, ele calcula que oo todo o Rio gastaria por ano pelo menos mais US$ 100 milhões – sem contar os US$ 250 milhões já dispendidos em sua rede.
"Não vejo solução no momento para o Rio absorver a rede do Ministério da Saúde", diz Gazzola. A não ser, afirma, que o governo federal custeasse as unidades por mais uns quatro anos.
Mas nem hoje o ministério consegue dar conta dos gastos de sua rede. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Luis Roberto Tenório, 52, foram desativados 2.500 leitos desde janeiro de 93 até agora.
Com R$ 26 milhões, o ministério pretende reativar 715 leitos e reequipar algumas unidades. "Vai continuar um déficit de 1.800 leitos e de pelo menos 9.500 funcionários", diz Tenório.
A rede pública federal no município do Rio conta com cerca de 20.000 funcionários e 3.707 leitos distribuídos por pelo menos dez hospitais e 17 PAMS (Posto de Atendimento Médico).
"Nos outros Estados, a maioria da assistência médica é feita pela rede conveniada", afirma. Para ele, a rede pública de saúde no Rio é muito grande, o que traz dificuldades adicionais.

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