São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Tatuagem faz jovem andar 15 km de joelhos

DA FT

Uma tatuagem foi o motivo da briga entre Márcio Rodrigues da Silva, 21, artista plástico, e Kátia do Nascimento Ramos, 19, estudante, em Praia Grande (82 km ao sul de São Paulo).
O fim do relacionamento levou Silva a percorrer 15 km de joelhos na última terça-feira. Eles estavam juntos há um ano e nove meses.
Para proteger os joelhos, ele usou pedaços de borracha e uma joelheira. Mesmo assim, ficou com feridas.
A imagem de Silva de joelhos foi mostrada em vários canais de televisão, mas o motivo da briga não havia sido esclarecido.
O rapaz disse que queria pedir desculpas a Kátia e por isso foi de joelhos até o conjunto habitacional do BNH (Banco Nacional de Habitação) no bairro Aparecida, em Santos, onde vive a avó dela.
Kátia não estava. Segundo a avó, ela teria sido levada para São Paulo por amigos (leia texto ao lado) e não foi localizada.
No último dia 22, Silva disse que Kátia havia chegado em casa dizendo que iria fazer uma tatuagem. Ele não concordou e os dois discutiram.
Silva disse que perdeu o controle e rasgou a roupa de Kátia. "Ela quis sair de casa e eu tirei as chaves da mão dela à força. Eu cheguei a morder a mão dela."
Silva não esconde que as brigas violentas eram constantes entre eles. Silva mostrou marcas de facadas que teria levado de Kátia.
Para ele, o relacionamento começou a ficar ruim entre os dois quando ele foi demitido do local onde trabalhavam juntos, um sacolão de frutas e verduras.
Silva conta que o patrão descobriu que ele tem passagem pela polícia e o mandou embora. "Ela pediu demissão e me culpou."
Há três anos, Márcio Rodrigues da Silva foi preso sob a acusação de furto na Praia Grande. Ele ficou 26 dias na cadeia e hoje responde processo na Justiça.
Segundo a polícia da Praia Grande e de Santos, depois disso não há nenhum registro policial envolvendo Silva.
Os pais de Silva disseram que, quando criança, ele gostava de comprar e vender objetos e teria chegado a ter problemas com a polícia por comprar coisas roubadas.
Silva tem esperanças de voltar a viver com Kátia. Atualmente, ele está na casa dos pais, que sobrevivem da venda de quadros numa feira de artesanato.
Na semana passada, ele tentou se matar, pulando do 19.º andar, mas foi salvo pelos bombeiros.

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