São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Candidatos são trocados por fogão e livros

ALESSANDRA BLANCO E PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em vez de Lula, exercícios para braços e pernas. No lugar de FHC, DDD. Em vez de Brizola, panelas. Quércia, Amin e Enéas são trocados por livros.
A partir de terça-feira, quando começa o horário eleitoral na TV, muitos brasileiros vão deixar a televisão de lado e adotar outros hábitos: ir à academia, falar com amigos de outros Estados ao telefone, ir para a cozinha dar uma de "chef" ou apenas ler.
Vale tudo para fugir da cadeia nacional de TV que das 20h30 às 21h30 vai exibir candidatos tentando convencer que são a solução para o país.
Aos domingos, segundas, quartas e sextas, os primeiros 30 minutos são reservados aos candidatos à Presidência. O restante para candidatos ao governo e ao Senado. Nas terças, quintas e sábados, a uma hora é dedicada aos candidatos as câmaras Federal e Estadual.
A professora de Educação Física Silvana Fontolan Gonçalves, 26, já fez sua escolha. Afirma que vai aumentar o número de horas que fica na academia fazendo musculação.
"Com certeza vou manter a TV desligada e, em vez de três horas, fico quatro na academia."
Situação semelhante acontece com o estudante de administração de empresas Ramiro Alves da Rocha Cruz Júnior, 20, o "mister Telesp", que promete passar todo esse tempo ao telefone.
"Devo fazer uns três interurbanos para saber as novidades dos meus amigos do Rio e de Minas ou fazer uns 15 telefonemas só para dar um 'oi' para a moçada. Se ligar para a namorada, vai até mais de uma hora", afirma.
Outro tipo de diversão vai entreter o estudante Alexandre Itiro, 21. "Vou jogar videogame, RPG ou qualquer outra coisa", diz.
A empresária Grasiela Miotto, 36, que já usa as noites para arrumar sua casa, vai aproveitar o horário eleitoral para fazer compras no supermercado. "Só no horário eleitoral as crianças vão desgrudar da televisão e me acompanhar."
Grasiela faz questão de ressaltar que não vai deixar de ver pelo menos alguns programas.
O universitário Danilo José Zioni Ferretti, 21, que faz história na USP (Universidade de São Paulo), também promete acompanhar a propaganda eleitoral.
"Só não vou aguentar uma hora todos os dias, principalmente porque esse ano são só os candidatos falando", diz. Ferretti deve aproveitar a hora vaga para ler.

Texto Anterior: Aldous Huxley foi um visionário da clonagem
Próximo Texto: Bares e academias oferecem promoções
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.