São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994 |
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Venda com cartão de crédito cresce até 50%
FILOMENA SAYÃO
O "dinheiro de plástico" caiu em desuso durante o período de alta inflação. Temendo perdas, as lojas credenciadas cobravam preços maiores nas vendas com cartão, o que desestimulava o portador. Com a inflação baixa, o cartão voltou a ser utilizado. "Nosso faturamento foi excelente", diz Márcio Santos Souza, 50, responsável no Bradesco pela área de cartão de crédito. Ele estima crescimento nas vendas e no número de transações de 50% em julho frente a junho. Sobre julho de 93, Souza diz que o faturamento aumentou cerca de 35% e as transações, 30%. A Bradesco/Visa administra o Bradesco Visa, o World Card e o World Card Gold. Seus portadores somam quase 1,350 milhão. A credibilidade levou os lojistas a aceitar o cartão de novo. Souza diz que o sistema Visa (Bradesco mais 32 bancos) tem credenciados hoje perto de 280 mil estabelecimentos. Em maio, eram 265 mil. Mas uma verdade não aparece nos números. O executivo diz que, apesar dos aumentos, não houve explosão de consumo. "Não está se comprando mais. O maior uso do cartão significa transferência do meio de pagamento. Denota uma mudança de hábito. Quem comprava com dinheiro ou cheque agora usa cartão." Sua opinião é compartilhada por Gil Moro, 35, diretor de marketing para associados da American Express, que tem 630 mil associados. "Desde a implementação da URV, passou-se a utilizar mais o cartão. O portador prefere deixar o dinheiro investido e concentrar os pagamentos em uma única data. Para isso, compra com cartão." Na American Express, o aumento nas vendas foi de 50% em julho frente a junho. Sobre janeiro e fevereiro, o crescimento é de 30%. Por causa do perfil de seus associados –pessoas de alto poder aquisitivo–, Moro diz que o valor médio da transação está 10% superior. "Um dos grandes usos do nosso cartão é para a compra de passagens aéreas, que têm valor alto. Isso tem um impacto grande sobre o valor da transação." Na Credicard, que administra os três cartões Credicard MasterCard e um do Diners Club Internacional –cerca de 4,1 milhões de portadores– o clima é de otimismo. O crescimento do faturamento de julho sobre junho foi de 50%. Em relação a julho de 93, de 30%. Segundo Ricardo Caldas Ferreira, 40, vice-presidente comercial e bancos da administradora, o primeiro mês do real foi 15,4% superior a dezembro, historicamente mês de maior vendas com cartão. O número de transações do sistema foi de 7,5 milhões em julho e de 6,5 milhões em dezembro. "Imaginávamos que a estabilização da moeda fosse trazer um movimento significativo para o cartão. Isso aconteceu na Argentina. Mas a rapidez aqui foi surpreendente", diz. Ferreira também afirma que não houve explosão de consumo. "Estive em uma reunião com banqueiros do Rio Grande do Sul e eles me informaram que o movimento de cheques caiu 30% em julho." Mesmo em um cartão com 50 mil portadores, o Personalité, do Banco Francês e Brasileiro, o aumento do uso aparece. Urbano Araújo de Moraes, 35, gerente geral, calcula entre 20% e 30% o crescimento em relação a junho. "Hoje o comerciante que não tiver cartão perde vendas." Texto Anterior: Leia a íntegra do novo texto da MP do real Próximo Texto: Base tem aumento Índice |
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