São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Empresa cria 'universidade' própria

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas empresas estão enfrentando as transformações no mercado e nos estilos de gestão montando estruturas de ensino próximas aos padrões das universidades.
No Brasil, pelo menos três empresas seguem essa cartilha, seja em decorrência da estratégia da organização no país ou da estabelecida por sua matriz estrangeira.
A Arthur Andersen é a que mantém a "escola" mais antiga. Desde 1971, essa consultoria multinacional mantém uma unidade de formação de executivos a 60 km de Chicago (centro-norte dos EUA).
O "Center for Professional Education" (Centro para a Educação Profissional) oferece cerca de sete seminários por dia para turmas de funcionários provenientes de seus escritórios em 72 países.
Para lá são enviados recém-formados admitidos como trainees e, periodicamente, profissionais de todos os níveis hierárquicos e especialidades da empresa.
"Adotamos a estratégia de manter a qualidade uniforme de serviços em todo o mundo", afirma Celso Giacometti, 50, diretor-presidente da Arthur Andersen.
"O centro possibilita isso, uma vez que dá a formação necessária e viabiliza o contato entre profissionais de diferentes experiências, formações e culturas."
A orientação do Citibank é diferente. Sua "universidade" não é restrita aos próprios funcionários e oferece cursos a empresas até de outros setores (veja quadro).
No ano passado, cerca de 800 executivos passaram por esses programas somente no Brasil. De 30% a 35% dos funcionários do Citibank na América Latina participam do treinamento cada ano.
Criado há 19 anos, o "Professional Development Center" (PDC ou Centro de Desenvolvimento Profissional) concentra poucos eventos em sua sede, localizada na Flórida (sul dos EUA).
Ali funciona uma célula formada por pessoas ligadas às estratégias do banco, que pensa e produz os cursos, conforme as necessidades da empresa e do mercado.
Em geral, o treinamento ocorre nas unidades latino-americanas, onde se concentra a maior parte do público interessado.
"O mesmo curso aberto nos EUA, por exemplo, pode ser aplicado no Brasil ou no Chile", afirma Inês Tamie Yano, gerente de administração de treinamento.
A Accor do Brasil, dona da Ticket Grupo de Serviços e da NHT Hotelaria e Turismo (redes Novotel, Sofitel e Ibis), há dois anos inaugurou sua Academia - Universidade de Serviços.
Instalado em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), esse centro de treinamento recebe profissionais de supervisão a diretoria de 14 áreas de negócios do grupo.
A meta da Academia é treinar cerca de 3.000 funcionários da Accor por ano e motivá-los a transmitir os conhecimentos adquiridos a suas equipes.
"Nossa missão é ensinar o executivo a ensinar", afirma Luiz Márcio Ribeiro Caldas Júnior, 34, gerente de assuntos corporativos da Accor do Brasil. "Seria inviável trazer todos os 17 mil funcionários para os cursos."
Assim como ocorre na "universidade" da Arthur Andersen, a Academia da Accor também estimula o entrosamento de pessoas de diversos níveis e especializações.
"Estimulamos a periódica transferência de funcionários por diversas áreas e a Academia facilita a troca de experiências", diz Caldas.

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