São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novo executivo quer mudar a United

JULIE SCHMIT
DO "USA TODAY"

O novo executivo principal da companhia aérea norte-americana United Airlines não está passando seus primeiros dias na empresa enfurnado em sua sala.
Gerald Greenwald, 58, tem se encontrando com seus chefes –os empregados da empresa– que compraram 55% das ações no começo de julho.
"De certo modo, meu cliente é você, porque eu não encontro os passageiros todos os dias e você sim", disse o executivo aos funcionários da United baseados no aeroporto internacional de Chicago (cidade do centro-norte dos EUA).
Em seus três primeiros dias na United, Greenwald conheceu as operações da companhia em quatro aeroportos. No fim do primeiro dia estava tão cansado que precisou fazer algo que evita sempre –viajar na primeira classe.
A United Airlines é atualmente a segunda maior empresa do mundo controlada por funcionários. Mas nem todos estão prontos para um grande abraço fraternal.
Muitos profissionais da casa não queriam se tornar acionistas e os comissários de bordo não foram envolvidos na transação.
Além disso, o moral das pessoas está abalado. "Queremos dinheiro para fazer supermercado", disse um funcionário a Greenwald.
O executivo, ex-vice-presidente da montadora Chrysler, foi escolhido pelos sindicatos das categorias representadas na United.
Ele terá que convencer os profissionais a pensar no sucesso –ou fracasso– da empresa como responsabilidade deles mesmos.
"Nós somos os donos. Cada vez que gastamos ou ganhamos um dólar, 55 centavos são nossos", explica ele.
Para recuperar a United, Greenwald pretende dar poder aos funcionários para que eles decidam como realizar suas tarefas melhor e mais rápido, sempre tendo em vista o passageiro.
Greenwald foi escolhido por Lee Iacocca para ajudá-lo a organizar a Chrysler na década de 70. A montadora, que estava quase falida, hoje é líder em design automobilístico nos EUA.
Sem a ajuda do conhecimento de Greenwald em finanças, diz Iacocca, a Chrysler não teria sobrevivido. A United, no entanto, talvez seja um desafio maior.
A companhia perdeu US$ 1,3 bilhão desde 91, embora esteja longe da falência e deva lucrar este ano. A compra de ações pelos funcionários reduziu custos em 4%.
Por enquanto, deve manter uma vantagem em relação às rivais American Airlines e Delta –mas as duas também estão cortando. Além disso, Greenwald deve, cedo ou tarde, tomar decisões que desagradarão os funcionários-chefes.
Muitos funcionários ficaram bem-impressionados com sua visita, embora alguns tenham reclamado da trupe de fotógrafos que o acompanhavam.
Greenwald ainda está em lua-de-mel com os funcionários e tenta se distanciar o máximo possível da gestão anterior. Ele avalia que passou em seu primeiro teste.
Embora quisesse lançar uma nova aeronave antes de outubro, aceitou a negativa da equipe responsável pelo projeto.
"Eles disseram que na administração anterior a data fixada teria sido 'enfiada goela abaixo'. Mas eu não quero criar esse tipo de empresa", reflete Greenwald.

Tradução de Ana Astiz

Texto Anterior: É importante achar cargo certo
Próximo Texto: Rede Le Postiche abre 150 vagas até dezembro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.