São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Parreira terá festa em Valencia, diz Moraci

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Alberto Parreira chega amanhã à Espanha para assumir seu novo cargo: técnico do Valencia Club de Futbol.
Segundo Moraci Sant'Anna, entrevistado pela Folha por telefone em Valencia, Parreira será recebido pelo prefeito da cidade e participará de um treino de apresentação no estádio local.
Moraci Sant'Anna, preparador físico da equipe, está lá desde segunda-feira e já conversou com os jogadores da nova força do futebol espanhol.
Entre eles, está o artilheiro da Copa dos EUA, o russo Oleg Salenko (com seis gols, junto com Stoichkov).
E mais três jogadores da seleção do país: o goleiro Zubizarreta, o lateral Otero e zagueiro Camarasa –sem contar o montenegrino Mijatovic, que está contundido.
Moraci disse que a cidade vive um clima de euforia. "Cheguei aqui sendo considerado o maior preparador físico do mundo".

Folha - Não vai haver muita cobrança da torcida já que o clube não ganha um título há 14 anos e investiu tanto?
Moraci Sant'Anna - Os torcedores do time não são hostis. Conversei com os dirigentes e eles me disseram que, mesmo quando o Valencia caiu para a segunda divisão, o estádio tinha lotação máxima, 47 mil pessoas.
Folha - Os jogadores não perguntaram como é o trabalho do Parreira?
Moraci - Não. Há um grande respeito com a figura do atual técnico campeão do mundo.
Folha - Como você compararia seu trabalho com Telê Santana e com Carlos Alberto Parreira?
Moraci - Os dois sempre me deixaram à vontade para realizar o trabalho físico. Minha função é entregar ao técnico jogadores em boas condições. Quando o jogador não vai bem, digo quantos minutos ele pode suportar numa partida.
Folha - Seu contrato no Valencia vai até quando?
Moraci - Dura um ano, com a possibilidade de renovação por mais um –igual ao de Parreira. O presidente do Valencia queria me contratar por cinco, mas eu não quis.
Folha - O Valencia tem uma estrutura similar ao São Paulo em termos de preparação física?
Moraci - O clube tem bons aparelhos de fisioterapia, mas sua sala de musculação está um pouco defasada. Não há também estrutura para os exames fisiológicos, como os de limiar anaeróbico (velocidade máxima atingida utilizando a energia resultante da respiração). Já pedi ao presidente do clube para comprar vários aparelhos.
Folha - Os jogadores europeus não vão estranhar esse tipo de preparação mais científica?
Moraci - Eles estão mais acostumados ao trabalho em conjunto –todos fazendo os mesmos exercícios. Comigo, a preparação será individualizada.
Folha –Sua preparação física tem similar nos times europeus?
Moraci - Não posso responder por todos, mas o Paris St-Germain, o Roma, o La Coru¤a, o Barcelona e o Bordeaux, times dos jogadores brasileiros na Copa, não fazem esse tipo de trabalho.
Folha - Você vai utilizar o mesmo computador na coleta e armazenamento de dados dos jogadores?
Moraci - Tenho um programa novo feito pela Microsoft, parecido com o que eu tinha no São Paulo. Só que agora na tela inicial aparece o símbolo do Valencia.
Folha - O que muda na preparação física de jogadores europeu em relação a um brasileiro?
Moraci - Aqui, existe um calendário para todo o ano. O profissional pode planejar e, por ter jogos só em fins-de-semana, consegue dosar melhor os treinamentos. No Brasil, um time fica sem jogar um mês, para na semana seguinte fazer três jogos seguidos. Isso prejudica muito a preparação física do atleta.
Folha - Qual é a sua opinião do caso da bagagem da seleção?
Moraci - Toda vez que uma seleção volta de excursão sua bagagem não é revistada. O funcionário do aeroporto do Rio de Janeiro não deve ter recebido a autorização para liberá-la. A imprensa aproveitou para explorar o caso.

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