São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Irã e Arábia disputam liderança

MARCELO MUSA CAVALLARI
DA REDAÇÃO

Irã e Arábia Saudita disputam com estratégias diferentes a liderança na expansão islâmica.
Embora não haja números precisos, o islamismo é tido com a religião que mais cresce na África.
Aí, a vitória é da Arábia Saudita. Sede do principal santuário muçulmano –Meca, para onde todo fiel deve peregrinar pelo menos uma vez na vida– a Arábia Saudita usa o dinheiro que ganhou com o petróleo para conquistar fiéis.
O país financia a construção de mesquitas, hospitais e escolas muçulmanas em toda parte. Na África subsaariana, esse assistencialismo é a arma mais eficaz.
O islamismo que a Arábia Saudita difunde é sunita, a seita majoritária que se tem como a ortodoxia islâmica. O papel de destaque dos sauditas foi impulsionado pelo wahabismo, movimento do século 18 que defendia uma purificação do islã e cujos integrantes se tornaram aliados da casa real.
O país adota a lei islâmica. Bebidas alcoólicas são proibidas e é vedado a qualquer outra religião o culto público e a construção de templos.
O Irã busca a expansão da seita xiita. Os xiitas são cerca de 10% dos muçulmanos do mundo e são grandemente majoritários apenas no Irã e no Azerbaijão.
É entre a população mais marginalizada dos países muçulmanos que o Irã busca seus novos seguidores. Sua concepção violenta da prática dos preceitos islâmicos –renegada mesmo por xiitas de outros países– se propaga entre os deserdados do nacionalismo árabe, dos regimes de esquerda ou da religião tradicional sunita.
No Líbano dividido pela guerra civil o Irã conseguiu o seu mais acabado esquema. As milícias montadas e armadas pelo governo de Terã se tornaram as representantes dos xiitas do sul país.
Finda a guerrra, milícias como o Hizbollah se tornaram centro de formação de terroristas para agir, seja na luta contra Israel, seja na execução de ordens de Khomeini como a condenação à morte do escritor Salman Rushdie.
Como o terrorismo tem alvos difusos e a população islâmica que se instalou na Europa tem grande parcela de marginalizados, o Irã é visto como um inimigo assustador. (MMC)

Texto Anterior: Bani-Sadr critica atentados anti-semitas
Próximo Texto: Maomé já lutava pelo poder
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.