São Paulo, segunda-feira, 1 de agosto de 1994
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Três candidatos têm chances em São Paulo

AMÉRICO MARTINS

AMÉRICO MARTINS ; EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa pelo Senado no Estado de São Paulo será uma das mais acirradas nas eleições deste ano.
Pelo menos três candidatos –José Serra (PSDB), Romeu Tuma (PL) e Luiza Erundina (PT)– chegam às vésperas do horário eleitoral gratuito na TV com chances reais na disputa pelas duas vagas.
Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha no último dia 25 de julho, Serra tem 30% das intenções de voto, contra 27% de Erundina. Isso é um empate técnico, já que a margem de erro é de três pontos percentuais.
O candidato do PL, delegado Romeu Tuma, perdeu três pontos desde o último levantamentos e está em terceiro lugar, com 22% das intenções de voto. Além deles, João Leite Neto (PFL) também consegue destaque entre os outros candidatos (11%).
A candidatura de Luiza Erundina é a que enfrenta as maiores dificuldades, inclusive um boicote velado dentro de seu próprio partido.
Os setores mais à esquerda do PT ainda não assimilaram a participação da ex-prefeita de São Paulo no governo Itamar Franco.
Por conta disso, essa esquerda da burocracia do partido não está se empenhando pela sua eleição.
Erundina tem enfrentado também problemas econômicos. Todos os recursos do partido em São Paulo estão sendo deslocados para a campanha de José Dirceu ao governo do Estado.
A candidata está fazendo campanha pelo interior com um carro emprestado ou de ônibus e se hospeda em pequenos hotéis ou na casa de militantes.
Sem escritório
A ex-prefeita não conseguiu nem mesmo montar um escritório eleitoral. Está ocupando duas salas no comitê de Dirceu.
Na tentativa de reverter esse quadro, Erundina tem feito muitas viagens ao lado do candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos líderes das pesquisas à Presidência.
As outras candidaturas têm problemas diferentes. A coordenação da campanha de José Serra, por exemplo, considera que o deputado ainda não é suficientemente conhecido pelos eleitores.
Parte da população o reconhece mais por participações no programa jornalístico "Record em Notícias", da TV Record, do que pela atuação na Câmara dos Deputados.
Além disso, o seu partido, o PSDB, não é bem organizado na maioria das cidades do interior do Estado. Nas viagens, ele é obrigado a contar com a organização do PFL, partido coligado ao PSDB.
O mesmo problema é sentido pelo delegado Romeu Tuma. O PL praticamente não existe no interior. Quase toda a sua estrutura depende do PMDB, partido que está coligado com o seu.
Tuma é reconhecido nas ruas por sua atuação à frente da Polícia Federal e da Receita Federal, mas afirma que a maioria das pessoas ainda não sabe que ele é candidato.
Serra vai continuar defendendo o Plano Real e destacando dois temas, o desemprego e a educação.
Um problema comum é explicar que os eleitores devem votar em dois candidatos ao Senado.

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