São Paulo, segunda-feira, 1 de agosto de 1994
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Coisas do esporte

CIDA SANTOS

As finais da Liga Mundial deixaram mais uma vez uma pergunta no ar: quem é o melhor? Brasil ou Itália? No único confronto entre as duas seleções, a vitória foi brasileira: 3 sets a 0. Os italianos têm a seu favor a conquista do título. Já os brasileiros, embora terceiros colocados, tiveram a melhor campanha do torneio. Em dezesseis partidas, apenas uma derrota. A Itália foi campeã com quatro jogos perdidos. Situação curiosa.
Aliás, esse regulamento das finais da Liga já provocou alguns protestos do time brasileiro para a Federação Internacional de Vôlei. Depois da derrota para Cuba na semifinal, o capitão Carlão não se cansava de perguntar se era justo um time com apenas uma derrota ficar fora da final.
Outro critério estranho é o da escolha dos melhores jogadores da Liga. A seleção do torneio, indicada pelas estatísticas da Federação, teve quatro coreanos. O curioso é que a Coréia –com o "melhor" atacante, passador, levantador e defensor– tenha tido a quarta pior campanha da Liga. Não chegou nem à fase final. Acabou em nono lugar na classificação geral, à frente apenas de China, Alemanha e Estados Unidos.
E mais uma vez a geração do cubano Joel Despaigne perdeu a chance de ganhar um título. Contra a Itália, em finais, Cuba parece que trava, não joga o que sabe. No sábado, não conseguiu ganhar nem um set. Uma decepção. Não é a primeira vez que isso acontece. Foi a terceira vez que Cuba e Itália fizeram uma final de Liga. Foi a terceira vitória dos italianos. Nesses três jogos de decisão de título, os cubanos ganharam apenas um set.
Já a seleção brasileira do técnico Zé Roberto tem hoje aquela unanimidade que a seleção de futebol comandada por Telê Santana tinha em 82. Joga o vôlei mais bonito e moderno da atualidade.
Na fase final da Liga, o Brasil fez dois primeiros jogos perfeitos contra Itália e Cuba. Vitórias de 3 a 0. Quem não diria que o time seria campeão? Mas esporte tem aquela porção do imponderável, aquele lado que extrapola a lógica. Na semifinal, a equipe perdeu Negrão, teve problemas no bloqueio, não jogou com velocidade. E encontrou um adversário disposto a vencer. Batle, o canhoto que entrou no lugar de Despaigne, jogou tudo o que não tinha jogado na vida. Só no tie-break fez nove pontos. Coisas do esporte.

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