São Paulo, segunda-feira, 1 de agosto de 1994
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ONU aprova intervenção no Haiti

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem o uso de força militar no Haiti, abrindo o caminho para uma invasão comandada pelos Estados Unidos para recolocar no poder o presidente deposto Jean-Bertrand Aristide.
Aristide, o primeiro presidente eleito democraticamente no país, foi deposto em setembro de 1991, após sete meses no governo, por militares comandados pelo general Raoul Cedras.
A ditadura e os efeitos das sanções levaram milhares de haitianos a fugirem do país em direção à costa da Flórida.
Há um ano, o Conselho de Segurança impôs embargo de combustíveis ao Haiti e, em maio passado, votou sanções comerciais completas.
A resolução de ontem, aprovada por 12 votos a favor e nenhum contra, coloca o presidente Bill Clinton na posição de determinar uma data e a extensão da força militar a ser empregada na invasão.
A ação deve ser comandada de Washington, e os EUA vão entrar com o maior número de soldados. Mas há autorização para que militares de outros países participem.
A força militar tem autorização para controlar o país, tirar do poder o atual governo militar e restabelecer o governo constitucional do Haiti.
}O momento da decisão já está à mão. É a hora de eles (os militares no Haiti) saírem rápido e de forma voluntária. Caso contrário, terão de sair rápido e de forma involuntária, disse a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Madeleine Albright.
Representantes do México, Uruguai, Venezuela e Cuba, que não votam no Conselho de Segurança, protestaram afirmando que a decisão abre precedentes para outras ações do mesmo tipo.
A resolução repete o termo }todos os meios necessários empregada na decisão da ONU que autorizou, em 1990, a aliança liderada pelos EUA a expulsar as tropas iraquianas do Kuait.
A decisão de ontem estabelece ainda a criação de uma força de paz da ONU com 6.000 soldados para o Haiti quando }um ambiente seguro for estabelecido.
Essa força seria responsável pelo treinamento de militares e policiais e por garantir eleições livres no final de 1995.

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