São Paulo, terça-feira, 2 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Churrascarias negociam novos prazos

DA REPORTAGEM LOCAL

Em plena entressafra de carne bovina, a primeira após o Plano Real, as churrascarias paulistas estão começando a negociar com os frigoríficos prazos mais largos de pagamento de sua matéria-prima.
"O normal é faturarmos a carne para 15 dias, mas há diversos frigoríficos que já estão ampliando este prazo para até 20 dias", diz Márcio Henrique Sastre, do frigorífico GJ, de São Paulo.
Para ele, a ampliação do prazo é consequência do processo de estabilização da economia e deve embutir correção financeira sobre o preço do produto.
"Ainda há inflação e o aumento de prazo vem acompanhado de alguma correção", diz Sastre.
A churrascaria Mate Amargo (zona oeste de São Paulo), por exemplo, estuda com os seus fornecedores a ampliação do prazo para entre oito e 15 dias.
Atualmente, os pagamentos são feitos à vista, quando a carne chega ao restaurante.
Na churrascaria Fogo de Chão (zona sul da cidade), a informação é de que alguns frigoríficos estão esticando o prazo de pagamento.
A negociação de novos prazos e o aumento do movimento nos restaurantes (leia texto ao lado) são as novidades do setor após o real.
Novos preços
Logo na virada para a nova moeda, diz Gelson Lastre, sócio da Fogo de Chão, as churrascarias enfrentaram altas nos preços da carne, seguida de alguma retração.
"O preço da carne ainda está se ajustando após o real", diz Lastre, do Fogo de Chão, churrascaria que vende entre 11 e 12 toneladas de carne mensalmente.
Segundo Lastre, na conversão de cruzeiro real para real, o quilo da picanha ficou ao redor de R$ 7. Depois baixou para R$ 6. "Não havia espaço para a carne subir", diz o empresário.
Agora, Gelson Lastre diz que é preciso confiar no plano econômico. "Se nada subir, o preço do rodízio vai ficar nos R$ 16."
Para Jorge Luís Lastre, sócio da churrascaria Vento Haragano, a ameaça do governo de liberar as importações de carne já surtiu efeito. "A carne que chegou a ser negociada a R$ 8 passou para R$ 6/quilo", diz.
Sastre, do frigorífico GJ, explica esta queda: "O preço foi convertido pelo pico e depois teve de se acomodar já que o consumo caiu em junho."
Na semana passada, as churrascarias ainda não tinham planos de aumentar seus preços, apesar da entressafra da carne. Mas os frigoríficos já avisavam que há pressão por reajustes.
"Os pecuaristas já estão pressionando e será inviável não repassar tais aumentos aos preços", diz Sastre. Ele lembra que a arroba que começou o mês cotada ao redor de US$ 23 já beira os US$ 25.
Ao afirmar que agosto é o pico da entressafra, Adelmo Rockenbach, sócio do frigorífico RB, diz que já deve registrar alguma alta no preço nesta semana. Mas ele evita estimar a porcentagem do aumento.
Clóvis Alberto Censoni, diretor do frigorífico Três Passos, diz que a entressafra deve atrapalhar o plano econômico.
"O preço deve subir e aí vamos reajustar nossas tabelas e as churrascarias também", diz Censoni.(SB)

Texto Anterior: Geadas e secas beneficiam os confinadores
Próximo Texto: Movimento cresce 20%
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.