São Paulo, terça-feira, 2 de agosto de 1994 |
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PSDB espera saída de Palmeira
GILBERTO DIMENSTEIN E GABRIELA WOLTHERS
Palmeira é acusado de elaborar emendas para favorecer obras da empreiteira Sérvia e de ter duas aposentadorias precoces em cargos públicos. Os tucanos esperam que o senador renuncie. Ontem, em São Paulo, dirigentes do PFL e do PSDB se reuniram e divulgaram nota oficial de apoio ao vice de FHC (leia texto abaixo). A nota foi a saída honrosa encontrada pelos tucanos para dar espaço para que Palmeira tome a iniciativa de renunciar. Não passaria, assim, pela humilhação de ser afastado. Para o PSDB, as acusações de envolvimento do assessor de Palmeira, Carlos Abraão Moura, com a empreiteira Sérvia deixam o vice praticamente sem escapatória. Mesmo que se comprove que o senador não cometeu nenhum ato de corrupção, ele estaria passando um atestado de ingenuidade ao afirmar que não sabia das ligações de seu próprio chefe de gabinete com a construtora. Segundo os tucanos, esta "ingenuidade" o tornaria incapaz de ocupar o lugar de vice na chapa. A nota mostra a divergência do PSDB e do PFL sobre o caso. Embora a cúpula tucana estivesse presente à reunião, o documento só traz a assinatura do presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Pelos bastidores, o caso Palmeira aumenta o conflito entre PSDB e PFL. Reservadamente, a cúpula tucana tem reclamado de que seus aliados não estão se empenhando como deveriam a favor de FHC. A prova disso seriam os baixos índices do candidato na maioria dos Estados do Nordeste. Com relação a Palmeira, o PSDB considera que as denúncias contra seu assessor tendem a ocupar mais espaço na imprensa. O próprio comitê de FHC já tem informações de que Moura transformou o gabinete do vice no Senado em um verdadeiro escritório de lobby da Sérvia. Moura é candidato a deputado estadual por Alagoas. O comitê também já descobriu que a sua campanha é uma das que possuem mais recursos no Estado. Já o PFL, considera que o afastamento agora de Palmeira seria precipitado. Segundo a avaliação do partido, ao invés de "fritar" o vice, o correto seria apressar as investigações no Senado já solicitadas por ele próprio. Palmeira encaminhou ao Senado autorização para a abertura de suas contas bancárias e o pedido de investigação da relação entre Moura e a Sérvia. O problema é que o PSDB considera que se deve evitar a todo custo um desgaste eleitoral como o que ocorreu com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O petista demorou 27 dias para trocar seu vice –o senador José Paulo Bisol (PSB-RS) pelo deputado Aloizio Mercadante (PT-SP). Enquanto o PT não se definia, a piada corrente no comitê de FHC era de que o partido estava com a "síndrome tucana", ou seja, "em cima do muro". Próximo Texto: PFL sai em defesa do vice de FHC e nega saída Índice |
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