São Paulo, terça-feira, 2 de agosto de 1994 |
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MTV veta episódios de 'Beavis e Butt-Head'
ARMANDO ANTENORE
A MTV Brasil, com sede em São Paulo, exibe o "cartoon" diariamente desde meados de julho. Quatro meses antes, comprou da MTV nova-iorquina 65 episódios do desenho. Cada um tem aproximadamente 20 minutos de duração e conta duas pequenas histórias. Pouco depois de adquirir o pacote, a emissora brasileira recebeu da matriz em Nova York a determinação de que dez episódios não poderiam entrar no ar. Motivo: quando os exibiu, há um ano, a MTV dos Estados Unidos sofreu inúmeras críticas de telespectadores e organizações não governamentais. Os protestos batiam na mesma tecla –os episódios contêm histórias que estimulam a violência e outras condutas politicamente incorretas. Quem já assistiu o desenho pelo menos uma vez sabe que os personagens Beavis e Butt-Head nunca fizeram questão de ser guardiães da moral e bons costumes. A dupla de adolescentes, que Mike Judge criou em 92, está sempre praticando atos "perniciosos". Por exemplo: jogar beisebol usando um sapo vivo como bola. Acontece que, sob a lógica da sociedade norte-americana, a maldade também tem limites. E os dez episódios ousaram ultrapassá-los. Para conter a fúria dos telespectadores, a MTV de Nova York decidiu não reprisar as histórias nos Estados Unidos. Mais: estendeu o veto para o resto do mundo. Um engano, porém, fez com que a emissora mandasse os episódios proibidos à filial do Brasil. "Se dependesse de nós, os colocaríamos no ar. Acho que, aqui, não gerariam tantos protestos. Os brasileiros têm critérios morais diferentes dos norte-americanos", diz Cali Cohen, 29, diretora de criação da MTV em São Paulo. A reportagem da Folha assistiu três das histórias que sofreram veto. Em "Good Credit", Beavis e Butt-Head roubam um cartão de crédito e maltratam animais. Em "Heroes", a dupla sai atirando pelas ruas com uma espingarda. Em "Stewart's House", tortura um garotinho gordo e cheira gás de cozinha, como se fosse lança-perfume. Texto Anterior: ENTRELINHAS Próximo Texto: Desenho abusa da anarquia Índice |
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