São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Aliados fulminantes

JANIO DE FREITAS

O perigo está nos aliados. No caso do senador José Paulo Bisol, o que agravou o problema de sua candidatura a vice foi o ataque desferido pelo deputado Roberto Freire, do PPS que integra a frente de apoio a Lula. Agora, foi o deputado pefelista Inocêncio Oliveira que lança uma cobrança mortífera para o senador Guilherme Palmeira, propondo enviesadamente que desse "explicações imediatas" para as acusações que o atingem ou renunciasse à candidatura pefelista de vice de Fernando Henrique.
Mas o perigo não é só pessoal, nem se localiza só em pernambucanos. A recusa da cúpula do PSDB a assinar a nota de apoio a Palmeira, que a queria subscrita pelos três partidos comprometidos com Fernando Henrique, foi um lavar de mãos diante do aliado em dificuldades. O próprio Fernando Henrique, conquanto dissesse que "nada há de concreto contra o senador Guilherme Palmeira", deixou bem frisado o caráter unilateral da nota: "O PFL emitiu uma nota de solidariedade a ele e anunciando as medidas tomadas".
A nota, por sinal, tinha firmeza mais aparente do que convincente. Soava mais como aquele apoio, tão comum em política, para que o desenlace pudesse acontecer como iniciativa apenas pessoal. Como renúncia e não como destituição. Pelo que se podia perceber, mesmo entre os pefelistas que não crêem em comprometimento moral de Palmeira, no caso das emendas orçamentárias que beneficiaram a empreiteira Sérvia, a renúncia era tida como conveniente à candidatura de Fernando Henrique.
No PSDB, quem não percebesse a mesma coisa seria levado a entender que a renúncia, o mais cedo possível, era vista como essencial para que o desgaste de Palmeira não contaminasse Fernando Henrique, reduzindo os efeitos favoráveis que o Plano Real lhe está proporcionando.
O senador Guilherme Palmeira não poderia evitar a renúncia. O que mais surpreende é que ele, o comando do PFL, o PSDB e Fernando Henrique não tenham previsto problemas com a escolha de vice que fizeram. Não poderia imaginar denúncias de uma ex-secretária de empreiteira, mas sabiam que as ligações de Palmeira com certas correntes de políticos alagoanos e seu envolvimento com Collor o tornariam, inevitavelmente, alvo de ataques fáceis. E muitos deles irrespondíveis.
Correção
A data do casamento de Esperidião Amin Helou Filho e Angela Regina Heinzen é 14 de fevereiro de 79. A que mencionei na coluna de ontem, 3 de março de 86, é da averbação do casamento no registro de imóveis, presumivelmente para efeito de posse mútua do terreno mencionado na coluna. A diferença de datas em nada altera os fatos descritos.

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