São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Petistas montam central contra boatos

GUSTAVO KRIEGER ; EUMANO SILVA
EM SÃO PAULO

A coordenação da campanha do candidato do PT a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou uma ação para combater boatos que estariam sendo espalhados pelos adversários.
Como uma das primeiras iniciativas anti-boataria, os petistas estão distribuindo cerca de dois milhões de panfletos com uma "carta aberta aos evangélicos" assinada por Lula.
O documento foi elaborado para combater a informação de que o candidato petista iria forçar a unificação de todas as igrejas evangélicas. Os seguidores dessas religiões representam cerca de 13 milhões de eleitores.
No texto, Lula apela para a linguagem religiosa. "Gostaria de chamar a atenção para as calúnias, as mentiras, as falsidades difundidas contra a minha pessoa por maus brasileiros, joio no meio do trigo do povo de Deus", diz o documento.
O candidato do PT afirma ainda que "o diabo –ensina a Bíblia– é que é o pai da mentira, mas a verdade prevalecerá".
O boato sobre a intenção de Lula em unificar as igrejas evangélicas foi comunicado ao comitê central da campanha por dirigentes do PT em vários Estados.
A coordenação petista diz que ainda não sabe quem são os responsáveis poe esta boataria.
Gilberto Carvalho, secretário-geral do partido, afirma que tem recebido várias denúncias de contra-informação, recolhidos por apoiadores de Lula em muitos Estados.
No Pará, o PT teria descoberto que algumas pessoas estariam se infiltrando nas filas de pagamento das aposentadorias rurais, para espalhar que o presidenciável planejaria extinguir a previdência no campo, caso seja eleito.
Em Teresina (PI), os petistas afirmam ter recolhido um panfleto falso, atribuído a candidatos do partido. Neste panfleto, o PT apareceria convocando os sem-teto da cidade para ocupar a área do Jockey Club local e casas de um bairro próximo.
Carvalho diz que o PT quer identificar os adversários políticos que estariam criando estes boatos. "Este tipo de calúnia pode ser enquadrado como crime eleitoral".
Segundo o dirigente petista, este tipo de boato foi comum na campanha presidencial de 1989, em que Lula foi derrotado por Fernando Collor de Mello.
"Em 89 não reagimos a estes boatos e a candidatura Lula foi prejudicada. Este ano, queremos evitar prejuízos", diz Carvalho.
Segundo o secretário-geral do partido, um das falsas informações divulgadas na campanha anterior era a de que, se Lula fosse eleito, as pessoas teriam de dividir suas casas com os sem-teto.

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