São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Maciel é o mais cotado para vice de FHC

JOSIAS DE SOUZA ; GILBERTO DIMENSTEIN ; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) não é mais o vice do candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso. Ontem, até as 23h30, o nome mais cotado para novo vice era o do senador Marco Maciel (PE).
O desfecho rápido foi determinado pelo próprio FHC, temendo o que batizou de "efeito Bisol".
No fim do dia, FHC entregou à cúpula do PFL uma lista com quatro nomes para substituir Palmeira.
Além de Maciel, estavam entre eles os deputados Luís Eduardo Magalhães (BA) e Gustavo Krause (PE).
Como Luís Eduardo tinha sido descartado no início da definição da chapa, em abril, e Krause não aceitava deixar a disputa pelo governo pernambucano, o nome de Maciel surgia como solução.
A cúpula do PFL estava reunida na casa do senador Marco Maciel. Na mesma quadra da residência do senador, mas em outro bloco de apartamentos, FHC e Pimenta da Veiga, presidente do PSDB, aguardavam a decisão.
Antes da formalização da queda de Palmeira, o PFL chegou a ter entre os nomes alternativos, os deputados Reinold Stephanes (RS) e José Múcio (PE).
No início da tarde, o PSDB tentava retomar o plano de transformar o deputado Roberto Magalhães (PE) em vice de FHC. Magalhães não tem o apoio de Jorge Borhanusen, presidente do PFL.
Bornhausen diz que Magalhães é dono de um temperamento difícil e o acusa de já ter tentado mudar de partido, transferindo-se para o PSDB.
Como alternativa, propunha a indicação de Krause ou do ex-governador de Santa Catarina Vílson Kleinubing.
Em carta entregue a FHC, Palmeira disse que renunciava para não prejudicar a campanha do candidato tucano, mesmo não tendo qualquer envolvimento nas denúncias. Na carta, ele se considera vítima do assessor Carlos Abraão Moura.
FHC discutiu, desde a semana passada, uma estratégia para evitar o que consideraram um erro do PT no caso Bisol: demorar a tomar a decisão e se expor ao desgaste.'
A definição ontem sobre a saída de Palmeira foi uma imposição de FHC, que se recusou a iniciar hoje sua aparição no horário eleitoral em rádio e televisão sem uma solução para o caso.
Contactado por seus aliados, Antônio Carlos Magalhães disse, da Bahia, o seguinte: "Temos de ter um novo nome até o amanhecer. O anúncio não pode passar do meio dia desta quarta-feira".
O candidato avaliou que, com sua ascensão nas pesquisas, os adversários aproveitariam o primeiro dia de horário gratuito para centrar as críticas em Palmeira.
Levou-se em consideração que o caso ganharia destaque com o andamento do processo na Procuradoria Geral da República.
FHC deu duas alternativas a Palmeira –ou ele conseguia explicar até ontem à imprensa a ligação de seu assessor, Carlos Abraão, com a empreiteira Sérvia, ou teria que deixar o posto de vice.
Palmeira passou o dia em São Paulo reunido com assessores e advogados examinando as denúncias contra Abraão, que é candidato a deputado estadual pelo PSC de Alagoas.
Munido de informações de que a campanha de Abraão é uma das que possuem mais recursos no Estado, Palmeira chegou à conclusão de que não teria como explicar as fontes de recursos do assessor.

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