São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amin não explica caso de 'imóvel fantasma'

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Esperidião Amin, 46, candidato do PPR à Presidência da República, não soube explicar a supervalorização de um terreno por ele comprado e vendido a Ângela Regina Heinzen em 1979, conforme relato feito pelo jornalista Janio de Freitas, em sua coluna na edição de ontem da Folha.
O terreno foi comprado por Cr$ 25 mil em 18 de janeiro de 1979. Uma semana depois, em 26 de janeiro, foi vendido por Cr$ 300 mil. Amin casou-se com Ângela em 14 de fevereiro daquele ano.
Também não soube dizer para onde foram Cr$ 719.948,46, obtidos por Ângela junto à Caixa Econômica de Santa Catarina como empréstimo para pagamento do terreno e construção de uma casa. A casa não existe.
Amin deu entrevista à Folha ontem à tarde, durante sua campanha na zona sul de São Paulo.
Folha - Como o sr. explica a denúncia sobre terreno de sua propriedade em Santa Catarina?
Esperidião Amin - Nunca vi médico legista ter cliente urgente. Como se trata de uma autópsia, vou falar com minha mulher hoje (ontem), para que ela esclareça.
Folha - O terreno valorizou 12 vezes em uma semana? Foi de Cr$ 25 mil na compra para Cr$ 300 mil na venda?
Amin - Isso pela reportagem. Não vi os documentos. É uma autópsia de um assunto que ocorreu há 19 anos. Comprei o terreno em 1975. Como foi parcelado, pode até ter sido escriturado depois (o registro do imóvel é de 1979).
Folha - Quando o sr. vendeu o terreno o sr. já estava tendo relacionamento com Ângela?
Amin - Claro.
Folha - O sr. vendeu o terreno por Cr$ 300 mil, não?
Amin - Não sei, querido.
Folha - O sr. não se lembra do valor de terreno que o sr. vende a uma pessoa tão próxima?
Amin - Não. Depois desse tempo todo...
Folha - No contrato com a Caixa Econômica do Estado, sua mulher obteve Cr$ 719,9 mil como empréstimo para a compra e financiamento da construção. E a casa não existe. Para onde foi esse dinheiro, então?
Amin - Não sei. Prefiro não falar sem ver o contrato.
Folha - Por que a casa não foi feita?
Amin - Porque a casa não foi feita. Nem sei se esse empréstimo foi feito para a construção.
Folha - Como se explica que alguém não construa uma casa prometida em contrato?
Amin - Eu não vi o contrato para a construção. Também não sei se esse recurso foi liberado.
Folha - Mas é claro que o sr. sabe o que sr. tem e como tem.
Amin – Sim. Comprei três lotes da imobiliária Santa Helena, no Parque São Jorge, cada um de 360 m2. Não estou dizendo que fiz todos os pagamentos.

Texto Anterior: Assessor de Palmeira será chamado a depor
Próximo Texto: Dinheiro foi para pagar dívidas, diz Ângela
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.