São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Ministro pede interferência de Itamar

SILVANA DE FREITAS

SILVANA DE FREITAS; LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Henrique Santillo (Saúde) pediu ontem a interferência do presidente Itamar Franco junto à área econômica para obter os recursos necessários ao pagamento dos hospitais.
Há uma semana, Santillo não conseguia marcar audiência com o ministro Rubens Ricupero (Fazenda) para acertar a liberação da verba aos hospitais conveniados ao SUS (Sistema Único de Saúde).
Depois de um encontro com Itamar, ontem à tarde, o ministro da Saúde se reuniu com Ricupero e os representantes dos hospitais. A presença de Santillo não estava prevista, segundo sua assessoria.
Santillo disse pela manhã "não compactuar com mais mortes, doenças e sofrimento" que decorreriam da redução do atendimento.
Segundo ele, o ministério precisa mensalmente de R$ 800 milhões da União, dos quais R$ 500 milhões vão para os hospitais conveniados. A área econômica só estaria sinalizando a destinação de metade deste valor.
"O Ministério da Saúde considera que isto é absurdo e impossível, porque a população já está sendo atendida precariamente".
A previsão de 1993 era de US$ 83,60, mas o gasto real foi apenas 57,2% deste valor. O Orçamento de 1994 prevê US$ 72,92.
Segundo a Federação Brasileira dos Hospitais, só países da África gastam menos com a saúde.
Os representantes dos hospitais esperavam a liberação de R$ 506 milhões, referentes ao pagamento de junho. Anteontem, o governo repassou apenas R$ 286 milhões.
Único representante do PP no governo, Santillo assumiu o cargo em 30 de agosto. Ele não apóia a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Planalto. A sua permanência no cargo está ameaçada.
Greve
Depois de uma reunião entre Ricupero e Santillo, os hospitais decidiram ontem manter a greve prevista para começar amanhã.
O ministro Ricupero pediu 72 horas para dar uma decisão sobre o aumento do repasse mensal de recursos ao Ministério da Saúde.
Desde janeiro a Fazenda vem liberando US$ 400 milhões ao mês, alegando a falta de recursos. A reivindicação de Santillo é de pelo menos US$ 600 milhões ao mês.
A paralisação do atendimento hospitalar vai colocar a população contra o Plano Real, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, Francisco Ubiratan Dellape.
* Colaborou LILIANA LAVORATTI, da Sucursal de Brasília.

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