São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Vem aí o Agassi 95

THALES DE MENEZES

Andre Agassi resolveu que será o número um do mundo. O rei do marketing tenístico cansou de ser o primeiro da lista apenas na relação dos jogadores que mais faturam com a imagem. Ele resolveu que 1995 será seu grande ano. Ou o último de sua carreira.
O norte-americano se diz cansado do circuito do tênis. Fala que pretende casar dentro de, no máximo, dois anos. A escolhida, se o volúvel tenista cabeludo não mudar de namorada, é Brooke Shields, aquela que iria ser uma grande estrela de cinema e acabou garota-propaganda de sabonete.
Daí veio o prazo dado por Agassi: mostra no ano que vem sua condição de ser o número um ou vai para casa, gastar os mais de US$ 30 milhões que já embolsou na carreira, entre prêmios nos torneios e polpudos contratos de publicidade.
Na verdade, quem fez a cabeça de Agassi foi seu novo treinador, o compatriota Brad Gilbert. Com 31 anos, ex-número quatro do mundo e autor de um livro lançado em 93 sobre preparo psicológico para tenistas, Gilbert também é um veterano "marketeiro". Sua união com Agassi iria cedo ou tarde exibir uma boa estratégia publicitária.
A primeira decisão de Gilbert para forjar o "Agassi 95" foi cancelar a participação do pupilo em jogos de exibição. Nas duas últimas temporadas, Agassi foi o recordista desses eventos, com mais de 80 partidas. Isso acabou atrapalhando seu desempenho nos torneios oficiais.
Mas como as exibições representavam uma fatia considerável nos ganhos do tenista, Gilbert teve uma idéia de raposa e criou os "treinos abertos" que faz com Agassi. Ou seja, os dois ficam descontraídos, batendo bola na quadra, enquanto os fãs pagam ingresso para assistir.
Falta o componente de competição, que sempre atrai o público, mas os espectadores compram ingresso para compartilhar a intimidade de seu ídolo. Como adendo para as moçoilas que suspiram por ele, muitas vezes Agassi resolve treinar sem camisa.
Agassi e Gilbert fizeram até agora dois desse treinos. Pararam porque a repercussão no meio tenístico não foi boa. Afinal, cobrar por um simples bate-bola é o fim da picada.
Mas o que interessa mesmo é o que Agassi e seu técnico estão fazendo longe do público. Dizem que Gilbert está tentando transformar o rápido pupilo em jogador de saque-e-voleio. A idéia é boa.
Agassi joga muito no fundo da quadra e é muito veloz nas deslocações. Suas subidas à rede, no entanto, acontecem sempre após ele trocar alguns golpes de fundo de quadra com o adversário. Seu saque ineficiente, sem um golpe chapado que pressione os adversários, é seu ponto fraco e não funciona para ajudar suas subidas.
Se Gilbert conseguir fornecer ao tenista um saque que imponha respeito, a promessa de ser número um começa a ficar muito mais sólida.
Um Agassi com saque forte pode ser a coisa mais próxima de um Pete Sampras que já apareceu.

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