São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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Novo videoclipe é passaporte para os anos 90

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Talvez o maior desafio para os artistas com longa vida na história do pop seja conseguir combinar sua identidade original com o caráter de novidade e frescor que se espera de trabalhos inéditos. Os Stones enfrentam também esse trabalho hercúleo, mas ao menos a julgar pelo clipe de "You Got Me Rocking", eles venceram a medusa da juventude.
O vídeo foi exibido no "Fantástico", no último domingo. Totalmente rodado em preto e branco, mostra os integrantes do grupo como gigantes, andando sobre as ruas de Nova York, esgueirando-se entre sobrados e arranha-ceús, pulando pontes e viadutos para finalmente se encontrarem no meio do Central Park. Este transformado, dado o tamanho da imagem dos Stones, num grande e plácido gramado.
Só isso já bastaria para o deleite do espectador enjoado do rame-rame de garotos cabeludos chacoalhando a cabeça que serve como denominador de boa parte da produção de clipes de pop-rock do momento. Os Stones vistos como seres maiores do que tudo, acima da selva das cidades: é idéia de conceito simples e quase óbvio. Também perfeito. De outra forma, o que fazer num clipe com os monstros do rock usando um bom punhado de dinheiro, sem que parecesse mera maquiagem ou dentadura para os velhos leões?
Ainda, esses efeitos especiais não lembram –felizmente– cenas de "Querida, Estiquei o Bebê". São impecáveis e emocionantes, como no momento em que um figurante cai (lembrando tela de Robert Longo) ou quando Jagger, num pulo, faz o chão tremer.
Outro detalhe inteligente: esses figurantes, também agigantados, têm o look underground de East Village do clipe de George Michael "Papa Was A Rolling Stone", do diretor Marcus Nispel. E talvez sejam essas imagens, mais do que o atual som da banda, que conferiram aos Stones o disputado passaporte para os anos 90.

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