São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994 |
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Stones leva público ao delírio em show nos EUA
FERNANDO CANZIAN
A turnê "Voodoo Lounge" deve passar pelo Brasil em fevereiro, depois de percorrer 43 cidades norte-americanas e canadenses. Mick Jagger, 51, Keith Richards, 50, Ron Wood, 47, e Charlie Watts, 53, apresentaram ao todo 27 músicas, misturando sucessos antigos e trabalhos novos em um grande show. Apesar da idade dos integrantes da banda e das críticas ácidas, onde foram comparados nos EUA a "leões desdentados tentando os últimos rugidos", os Stones mostraram que ainda têm vontade e energia para entreter uma platéia variada entre adultos, jovens enchendo a cara de cerveja e maconha, e até crianças. Velhos sucessos Apenas sete músicas do show faziam parte do novo álbum da banda, "Voodoo Lounge" (algo como vodu na sala de estar), o 22º gravado em estúdio pelos Stones. Velhos sucessos como "Satisfaction", "Brown Sugar" e "Monkey Man" continuaram mostrando o melhor dos Stones e algumas baladas, como "Memory Motel", diminuíram um pouco o ritmo do público. O show começou às 21h15 e terminou às 23h45. Um grupo de músicos haitianos justificou o "voodoo" com uma rápida apresentação antes de os Stones subirem ao palco, uma estrutura metálica com 120 toneladas de aço e chapas de alumínio compondo o cenário do show. Mick Jagger, o vocalista, entrou vestido com calça e paletó pretos, colete e camisa branca. A primeira música que cantou foi "Not Fade Away". A última, no bis, foi "Jumping Jack Flash", que terminou com uma apoteose de luzes e fogos de artifício sobre o estádio. O cenário do show, o mesmo que deve ser transportado para as duas apresentações no Brasil, em São Paulo e no Rio, é sensacional. Tem duas torres circulares emoldurando as laterais do palco (com 70 metros), uma estrutura semelhante a uma luminária gigante, duas rampas e duas pontes de metal, uma para cada lado do palco. Efeitos lúgubres A iluminação é um show à parte. Cores escuras jogadas sobre o público e contra as estruturas de metal do palco criam efeitos fantasmagóricos e meio lúgubres, mas sem excessos. No início, cada música é apresentada com uma cor predominante e a luz branca, que faz o palco inteiro brilhar, só aparece quando é tocada "You Got Me Rocking", a primeira música do show saída do novo álbum. Na metade do espetáculo, figuras infláveis gigantes com formas de dragões, cobras e deuses indianos tomam conta do palco, quase cobrindo um telão digital que derrete e transforma imagens comuns em visões lisérgicas. Durante a música "Honky Tonk Woman", várias cenas de filmes e desenhos com mulheres famosas –da rainha Elizabeth à Betty Boop– são editadas nesse telão e um demônio vermelho aparece rebolando sozinho durante a apresentação da música "Beast of Burden". Todo o design do palco foi criado por Mark Fisher, responsável também pelo cenário da atual turnê da banda Pink Floyd e da turnê "Steel Wheels" dos Stones em 1989, que rendeu US$ 310 milhões à banda. O som do show, com um total de 3,84 milhões de watts (equivalente a 10 mil "stereos" no volume máximo), parecia perfeito para o pequeno RFK Stadium. O baixista Darryl Jones e o tecladista Chuck Leavell, que participaram do álbum "Voodoo Lounge", acompanham os Stones na turnê. A banda se apresenta novamente hoje em Washington e a turnê nos EUA (a 17ª no país) só termina em dezembro. No próximo ano, os Stones devem passar, além do Brasil, pelo México, Argentina e vários países da Ásia. As datas para essas apresentações ainda não estão fechadas. A turnê, com ingressos em todo o mundo entre US$ 25 a US$ 50, termina com apresentações na Europa no segundo semestre de 1995. Texto Anterior: Crianças adultas vivem ilusão da felicidade Próximo Texto: Novo videoclipe é passaporte para os anos 90 Índice |
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