São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Festival traz rock de Recife a São Paulo

Doze bandas da cidade se apresentam no Aeroanta

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Recife baixa em peso em São Paulo esta semana. De hoje até sábado, doze bandas da cidade estarão se apresentando no Aeroanta.
Os shows fazem parte do projeto "Rec Beat", que agitou o underground pernambucano durante todo o primeiro semestre do ano.
Embalados pelo sucesso do mangue beat (cooperativa de bandas recifenses da qual faziam parte Chico Science e Nação Zumbi e Mundo Livre S/A), toda as bandas tocam pela primeira vez fora do Nordeste.
A Folha conversou com algumas das bandas anteontem, momentos depois de chegarem a São Paulo. Ainda cansados depois dos dois dias de viagem e bagunça, eles estavam com a corda toda.
"Aqui é o melhor canal para divulgar nossos trabalhos, temos que estourar no Sudeste para depois fazer sucesso em Recife", acredita Alexandre Santiago, guitarrista e vocalista da banda Cavalo do Cão.
Ele acha uma pena que as coisas sejam assim. "Não é legal que para viver de música e ser ouvido a gente tenha que mudar para São Paulo. O ideal seria que Recife tivesse rádios e locais para shows."
Além de "divulgar os trabalhos", os garotos de Recife acham que esses shows em São Paulo são importantes para mostrar para as pessoas que as bandas de lá não são todas iguais ao Nação Zumbi.
A Nação Zumbi foi a primeira banda pernambucana a lançar um disco e fazer sucesso no Rio e em São Paulo, o que, é claro, torna as comparações inevitáveis.
"O cenário é muito diversificado. Têm bandas de todos os tipos, não existe um tipo de som característico de Recife", diz Fábio Trummari, guitarrista do Eddie.
Para ele, a única semelhança entre as bandas de Recife é comportamental. "As pessoas tem um jeito parecido, são mais relaxadas, não fazem tanto tipo como em São Paulo", diz Fábio Trummari.
Ele conta que em Pernambuco roqueiro "não tem que ter cabelo comprido nem se veste de preto".
A diversidade é grande mesmo. No "Rec Beat", se apresentam desde o "forró" do Mestre Ambrósio até o rap do Faces do Subúrbio.
Stela Campos, 28, vocalista da banda Lara Hanouska acha que o mais importante na cena de Recife é a união das bandas.
"Recife tem uma diversidade sonora muito grande. A única coisa em comum é a união das bandas, é isso que faz com que as coisas aconteçam."
Ela explica que essa união não acontece só no rock. "Estão acontecendo muitas coisas legais em Recife, como gente fazendo cinema e artes plásticas, tem muito artista por lá."

Texto Anterior: James Brown faz megashow no Free Jazz
Próximo Texto: Chico Science deve chegar à Europa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.