São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Berlusconi afirma que continua no governo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, disse ontem ao Parlamento que continuará governando o país.
"Tenho a intenção de governar durante muito tempo", afirmou Berlusconi diante de uma Câmara dos Deputados lotada.
Após o discurso, Berlusconi criticou Umberto Bossi, líder da federalista Liga Norte e seu colega na coalizão governista.
No fim-de-semana, Bossi havia sugerido que Berlusconi se afastasse da administração de suas empresas durante o governo.
Mais tarde, Bossi elogiou o governo e negou a existência de qualquer crise. "Esta mensagem não é apenas para a Câmara, mas para todos os italianos: não haverá crise de governabilidade", disse Bossi.
No discurso, o premiê admitiu congelar os vínculos com suas empresas, mas disse que não deixaria a sua liberdade como empresário ser ameaçada.
"A liberdade de empresa e a liberdade para trabalhar não serão ameaçadas", disse. "A Constituição não permite a expropriação ou coletivização. Graças a Deus estamos na Itália, não na Romênia de Ceasescu".
Berlusconi também disse que existe o perigo de um "governo de juízes na Itália". Segundo o premiê, um espírito "jacobino de ódio e vingança pode tomar conta da Itália se as instituições políticas renunciarem à sua tarefa".
Berlusconi está sendo pressionado para se distanciar de suas empresas e por causa de proposta de lei que restringe os poderes dos juízes de decretar a prisão preventiva de suspeitos.
Os juízes da Operação Mãos Limpas usaram o recurso da prisão preventiva durante as investigações sobre a corrupção na política italiana.
Durante o discurso, Berlusconi foi aplaudido varias vezes pelos integrantes do governo. A oposição vaiou o discurso do premiê.
Um deputado oposicionista levantou um cartaz com a palavra "mentiroso" durante o discurso. A presidente Irene Pivetti teve de pedir silêncio diversas vezes durante o discurso de 40 minutos.
Depois do discurso de Berlusconi, o deputado Massimo d'Alema, líder do ex-comunista PDS (Partido Democrático da Esquerda), criticou o premiê.
Para D'Alema, os ataques de Berlusconi à magistratura são questionáveis, porque "é um homem sob investigação".
Para Fausto Bertinotti, da Refundação Comunista, o primeiro-ministro deve deixar o Fininvest ou o governo.
Paolo, irmão e sócio do premiê, foi detido na semana passada durante investigação de acusações de corrupção envolvendo o Fininvest –grupo de Berlusconi.

Texto Anterior: Haiti aumenta pressão contra os opositores
Próximo Texto: Washington quer agir na região
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.