São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994 |
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Brasília sabia de atentado, diz secretário
CYNARA MENEZES; SONIA MOSSRI
Ontem, o Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Odyr Porto, revelou que foi a SAE quem enviou comunicado a ele informando haver indícios de que um atentado seria cometido em breve. O comunicado foi feito dias antes da explosão na Argentina que matou 96 pessoas e deixou pelo menos 231 feridas. O ministro chefe da SAE, Mário César Flores, procurado ontem pela Folha, não quis se manifestar sobre o assunto. Odyr Porto responsabilizou diretamente a SAE por não ter acionado a comunidade internacional a tempo de tentar evitar o atentado, ocorrido há duas semanas no prédio que abrigava as sedes da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) e da Daia (Delegação das Associações Israelitas Argentinas). O atentado foi o pior já ocorrido na Argentina. A comunidade judaica do país considera o pior ataque contra judeus desde a perseguição nazista. Proteção "Minha tarefa era tomar providências para proteger a comunidade israelense em São Paulo, e elas foram tomadas", disse Porto. "Os contatos com o exterior deveriam ter sido feitos pelo governo federal", afirmou o secretário. O secretário não soube dizer quem assinava o documento que teria sido enviado pela SAE "entre os dias 14 e 17" do mês passado. O atentado na Argentina ocorreu na segunda-feira dia 18 de julho. Odyr Porto também disse que o envio do fax ao diretor de Comunicação Social da Polícia Civil de São Paulo e não a ele próprio foi "um equívoco burocrático sem gravidade". "O destinatário não foi a pessoa certa, talvez o governador fosse mais indicado", disse Porto. Ele afirma que ao ser informado entrou em contato imediatamente com a Federação Israelita do Estado de São Paulo. A federação apontou mais de trinta diferentes locais de concentração de judeus na capital paulista –como hospitais, escolas e sinagogas– que tiveram policiamento reforçado por serem possíveis alvos de atentados de organizações terroristas islâmicas. Chanceler O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Guido Di Tella, disse ontem em Buenos Aires que o serviço de inteligência deste país investiga a possibilidade de que o grupo terrorista que executou o atentado tenha passado pelo Brasil. Cauteloso, Di Tella afirma que ainda não existem dados concretos sobre a entrada e saída do grupo terrorista. Ele observou que a Secretaria de Inteligência do Estado considera a "hipótese" de que os terroristas tenham entrado no país através da fronteira com o Brasil, Paraguai e Uruguai. Di Tella afirmou também que está negociando com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, o reforço da segurança na fronteira entre o Brasil e a Argentina. A segurança seria reforçada pela Polícia Federal. O ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lobo, disse que as Forças Armadas já têm o contigente necessário nas regiões fronteiriças. Segundo o chanceler argentino, a Secretaria de Inteligência do Estado também está trocando informações diariamente com a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Além das investigações sobre o atentado à Amia, ele também afirmou que os dois serviços de inteligência discutem formas de prevenir eventuais atentados terroristas. O ministro Lobo observou que "o terrorismo não tem lugar definido para atuar". Colaborou SÔNIA MOSSRI, enviada especial a Buenos Aires Texto Anterior: Fisesp diz ter recebido ofício Próximo Texto: Segurança foi discutida em reunião reservada Índice |
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