São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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A queda de Palmeira

A decisão de substituir o senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) do posto de candidato a vice-presidente na chapa liderada por Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) mostra que as exigências éticas que se cobram dos candidatos a cargos eletivos no país foram profundamente alteradas –e para melhor.
Não se trata, é claro, de prejulgar o senador. O que pesa contra ele são acusações de improbidade na apresentação de emendas ao Orçamento e a constatação de que ele, como muitos outros, utilizou-se de um esquema absolutamente imoral, embora legal, de acumular aposentadorias precocemente.
De qualquer modo, depois do que ocorreu com o senador José Paulo Bisol (PSB-RS) na chapa do PT, o desfecho do caso Palmeira era inevitável. O PSDB e seus aliados não poderiam se expor ao risco de concorrer com um vice sobre o qual pairam tão graves acusações.
Para fazer carreira política no Brasil de hoje, não basta ser honesto –aliás, lamentavelmente, nem é preciso sê-lo–, mas é fundamental parecer honesto. E, sob esse ângulo, a imagem de Palmeira já estava comprometida havia algum tempo.
Do ponto de vista da substituição, há que se convir que a aliança capitaneada por FHC soube agir com maior presteza –ou menor lentidão– do que a chapa encabeçada por Lula, que se perdeu em um sem-número de reuniões antes de finalmente se decidir pela troca de Bisol por Mercadante. Na demora, o PT sofreu um desgaste desnecessário. A aliança tucano-pefelista parece ter aprendido com o episódio e decidiu de forma mais rápida.
De todo modo, essa "maldição dos vices" é, para o país, um sinal alentador, um sinal de que a cobrança da sociedade por um comportamento ético está felizmente crescendo. A imprensa e os partidos investigam, o eleitor e o militante dão ouvidos. Isso não significa, é óbvio, que a safra de políticos que sairá das próximas eleições será necessariamente melhor que a última. Mas é um passo. Espera-se.

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