São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994 |
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Para PT, Maciel vincula FHC à crise
CARLOS EDUARDO ALVES ; FERNANDO DE BARROS E SILVA
Avalia-se no PT que a escolha de Maciel abriu de vez o caminho para que Lula atribua aos aliados de FHC a responsabilidade pela crise social e a miséria no país. Na noite de anteontem, quando já se sabia da renúncia de Guilherme Palmeira e ainda se especulava sobre quem o substituiria, os caciques petistas falavam da hipótese Maciel como a ideal para Lula, mas a tinham como improvável. Acreditava-se que o PSDB não daria ao PT mais um argumento para carimbar a candidatura FHC como refém dos conservadores. A perene presença de Maciel nos últimos governos e, principalmente sua vinculação com o regime militar e Fernando Collor, facilita, na avaliação petista, o trabalho de identificar no palanque adversário os responsáveis pelo apartheid social brasileiro. Maciel "é um remanescente do restolho do autoritarismo. Seu currículo é pouco recomendável para quem diz que é moderninho e quer o bem do Brasil", disse Lula. Segundo o petista, ao escolher Maciel, FHC "deu uma guinada ainda mais à direita, não porque Guilherme Palmeira seja menos de direita, mas porque Maciel é mais expressivo do autoritarismo". O petista foi instruído por sua assessoria para explorar os vínculos de Maciel com o regime militar. Em duas entrevistas, pela manhã e à tarde, Lula disse que "Maciel participou do pacote de abril, em 77, quando Geisel fechou o Congresso Nacional". Também por duas vezes, o candidato declarou que não tem "vocação stalinista" e, em função disso, permitiu que José Paulo Bisol (ex-vice de Lula), tivesse a chance de se defender das acusações de que foi alvo antes de substituí-lo por Aloizio Mercadante. "A diferença entre nós e eles é que não somos stalinistas. Quando ele (FHC) chegou em Brasília dizendo que ia ser rápido na troca do vice, o PFL já tinha indicado um nome para ele", disse Lula. Aproveitando a crise na candidatura tucana, Lula e o PT pretendem explorar também a suposta "falta de autoridade" de FHC na escolha de seu novo vice. "Enquanto eu tive autoridade para escolher meu vice, parece que o PFL empurrou na garganta do meu adversário o que há de mais forte em termos de atraso", disse. O presidente do PT, Rui Falcão, admite que o marketing petista foi facilitado. "Nós vamos comparar o currículo do Aloizio com a folha corrida do Marco Maciel". À noite, em comício em Jacareí (SP), Lula voltou a atacar o novo vice de FHC com os mesmos argumentos usados à tarde. Em São José dos Campos, o candidato, ao defender a prefeita da cidade, Angela Guadagnin (PT), criticou a Folha. Angela é acusada de irregularidades administrativas por seus adveresários políticos. "Se fosse do lado deles (os adversários da prefeita), a Folha de S.Paulo não falava mal, a Globo não falava mal e nem os empresários falavam mal", disse o petista. Colaborou AMÉRICO MARTINS, enviado especial ao Vale do Paraíba Texto Anterior: FHC lembra plebiscito Próximo Texto: Na garganta Índice |
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