São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Hospitais definem corte no atendimento

DA REPORTAGEM LOCAL

Hospitais definem atendimento Em protesto contra atraso no repasse de verbas, federação pode decidir hoje atender só casos de emergência
A Federação Brasileira dos Hospitais reúne seus associados hoje em João Pessoa (PB) para definir a posição da entidade em relação ao atraso dos pagamentos do SUS (Sistema Único de Saúde).
A federação deve decidir por um corte no número de atendimentos proporcional ao valor destinado pelo Ministério da Fazenda ao orçamento da Saúde.
Perto de 80% dos pacientes do SUS são atendidos pelos 6.000 hospitais privados do país, segundo a federação brasileira.
Segundo o presidente da Federação Paraibana de Hospitais, Danilo Maciel, a proposta do governo de pagar apenas parte das dívidas foi rejeitada pelos hospitais.
O governo federal liberou apenas R$ 268 milhões (50%) do faturamento de junho dos hospitais.
O Ministério da Fazenda anunciou que não haveria mais de R$ 400 milhões para o custeio da Saúde em junho. O Ministério da Saúde diz que precisaria de R$ 506 milhões para pagar os hospitais.
A limitação do orçamento originou um atrito entre o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, e o da Saúde, Henrique Santillo.
O corte no atendimento começou no Rio Grande do Sul, com redução de 33% no serviços.
Segundo o vice-presidente da Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul, Cláudio Seferin, a redução ocorre nas internações e não afeta os serviços de urgência. O Estado recebe por mês 80.119 autorizações de internação.
Em São Paulo, o Hospital Santa Marcelina, em Itaquera (zona leste), e a Santa Casa de Misericórdia (centro) estão sendo prejudicados pelo atraso nas verbas.
O Santa Marcelina é uma instituição filantrópica que praticamente depende do SUS. Na Santa Casa, o atraso contribuirá para aumentar dívidas de R$ 7 milhões.
Calamidade
A saúde pública de Santo André (Grande SP) praticamente parou ontem. A prefeitura admitiu o problema e o atribuiu à entrada em circulação do real.
Os 17 postos municipais atendem precariamente por falta de médicos. No Hospital Municipal não há seringas e termômetros.
O Conselho Regional de Medicina pediu à prefeitura decretação de estado de calamidade pública.
Colaboraram a Agência Folha, em Porto Alegre e em João Pessoa, e a Folha ABCD.

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