São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Entra Maciel

A escolha de Marco Maciel para substituir Guilherme Palmeira como candidato a vice-presidente pela aliança PSDB-PFL suscita uma avaliação ambivalente sobre seus impactos para a candidatura de Fernando Henrique Cardoso.
De um lado, é claro que a substituição de um nome maculado por acusações como o de Palmeira é sempre positiva. E a relativa rapidez com que a troca foi feita, decerto estimulada pelo contra-exemplo do caso Bisol, serviu para evitar maiores indefinições e desgastes.
É de se notar ainda que –à medida que parecer honesto é tão importante quanto sê-lo–, o senador do PFL de Pernambuco atravessou diversos mandatos livre, ao menos até agora, de suspeitas graves de irregularidades ou desonestidade.
O nome de Maciel tem por fim um peso e projeção muito maiores do que o de Palmeira. Se é que a aliança com o PFL tem alguma chance de render dividendos eleitorais para o PSDB, isso parece mais provável com Maciel do que com seu antecessor.
De outro lado, contudo, deve-se ressaltar que o senador pernambucano –exatamente por ter essa maior projeção– expõe ainda mais o contraste da sua sigla com a de Fernando Henrique. Representante típico do oportunismo governista que é marca do PFL, Maciel apoiou ativamente governos ativamente combatidos pelos membros do PSDB. Vincula-se firmemente a um conservadorismo político que o PSDB sempre criticou.
Tanto é assim que, na primeira negociação entre as duas legendas na busca de um vice, Maciel teria sido vetado pelo próprio FHC. Sua imposição agora pelo PFL seria assim, de certa forma, uma derrota para o PSDB –e os informes de reações negativas ao nome de Maciel dentro das fileiras tucanas parece corroborar essa interpretação.
O efeito geral, porém, dificilmente será negativo. Ao contrário, pode até ser positivo, ainda mais dada a celeridade com que a troca foi feita. De resto, é incerto se o nome do vice tem qualquer impacto mais significativo sobre o desempenho de uma candidatura. Isso, embora a história brasileira recente mostre de forma clara a enorme importância potencial do segundo nome de uma chapa presidencial.

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