São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994 |
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São dois pesos e duas medidas
MARCELO PAIVA
Já para o velho e bom "povo", a triste expressão "me dá uma mãozinha" é a única alternativa. Seguindo normas internacionais, os aeroportos e as companhias aéreas que aqui operam se viram obrigadas a criar serviços para atender deficientes. Tal serviço funciona com relativa boa vontade e muito improviso. No Primeiro Mundo, uma equipe treinada pelo aeroporto é responsável por colocar e tirar um deficiente de um avião. Em alguns aeroportos, uma mesma equipe trabalha há anos, e sabe como carregar um deficiente. No Brasil, é a companhia aérea a responsável pelo deficiente. E quem coloca um deficiente num avião são os funcionários responsáveis pela carga que estejam disponíveis na pista. O próprio deficiente tem que ensinar como deve ser carregado. No caso de estações ferroviárias e rodoviárias, não há qualquer serviço e o passageiro deficiente tem que contar com a camaradagem. No Primeiro Mundo, há equipes nas estações ferroviárias que, com plataformas manuais, colocam usuários de cadeira de rodas nos trens. Um ou dois vagões têm lugares específicos e os banheiros são adaptados. Nos postos de informações para turistas, há guias para deficientes; hotéis adaptados, táxis especiais, transporte público e pontos turísticos acessíveis. Quando se fala em quarto adaptado, pensa-se na sofisticação da nave Enterprise. Mas não. Para um quarto ser adaptado bastam: porta do banheiro larga, chuveiro sem box para caber uma cadeira de rodas, barras ao redor da privada, telefone com linguagem braile e uma lâmpada que acende quando toca, para deficientes auditivos. No Brasil, sei de muitos empresários do setor hoteleiro que preferem corromper funcionários públicos a adaptarem seus hotéis. Cabe à Embratur dizer a que veio. Texto Anterior: 'É preciso muita coragem para sair de casa' Próximo Texto: Hotel do Nordeste tem projeto específico Índice |
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