São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Itamar quer reduzir gastos da Saúde

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem liberar a verba para pagamento dos hospitais, o presidente Itamar Franco cobra agora do ministro Henrique Santillo (Saúde) que reduza as despesas do governo com a área de saúde.
Antes de embarcar para Buenos Aires, Itamar disse ontem que aguarda medidas concretas para racionalizar os gastos. Ele receberá este estudo na próxima semana.
"Algumas distorções que precisam ser corrigidas. O atendimento é precário, mas consome muitos recursos do governo. Este é um problema muito sério."
A indignação do presidente tem como motivo um relatório preliminar da auditoria feita por um grupo interministerial. O relatório identificou fraude em 28% dos recursos repassados a hospitais.
Em nota à imprensa, Santillo reafirmou ontem não aceitar o repasse apenas de R$ 400 milhões proposto pela área econômica.
Com a viagem do ministro Rubens Ricupero (Fazenda) para Buenos Aires, acompanhando Itamar, pararam novamente as negociações por mais recursos aos hospitais. O governo deve mais de R$ 200 milhões referentes a junho.
Santillo contesta o percentual de 28% de desvios. Segundo ele, há erros em guias de internação computados como irregularidades.
Ele também discorda de propostas feitas pelo grupo interministerial, como uma auditoria para checar as contas do SUS. Segundo ele, seria muito caro.
Sem espaço político para negociar a liberação dos recursos, Santillo ameaça cortar programas como distribuição do leite e contratação de agentes comunitários.
"O ministro não pede demissão, em hipótese nenhuma", informou seu assessor, Antônio Gomes. A permanência de Santillo é difícil, principalmente porque ele não apóia a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Planalto.
Reunião
Diretores de 27 associações de hospitais do país se reuniram ontem em João Pessoa (PB) para discutir a crise no setor. A reunião não havia terminado até as 19h.
Havia a possibilidade de se decidir pela redução do atendimento aos pacientes do SUS por causa da dívida do governo.
O presidente interino da Federação Brasileira dos Hospitais, Mansur Mansur, disse que quarta-feira haverá uma reunião com o governo em Brasília para avaliar o caso.

* Colaborou ADELSON BARBOSA, da Agência Folha, em João Pessoa.

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