São Paulo, sexta-feira, 5 de agosto de 1994
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Superlotação reduz serviço

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto prosseguem as disputas orçamentárias entre os ministérios da Fazenda e da Saúde, os pacientes mantidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) enfrentam crônicas dificuldades de atendimento e internação.
Em São Paulo, uma placa na porta do Hospital das Clínicas anunciava ontem que o pronto-socorro estava lotado.
Faltavam 57 leitos no setor de internação do HC, o que significa um número correspondente de pacientes em macas no pronto-socorro.
Pacientes que necessitam da sofisticada estrutura do HC acabam prejudicados. É o caso da comerciária Carmem Isabel Galdino, 32.
Isabel sofre as sequelas de um tumor cerebral. Desde o início de junho, seu estado de saúde vem se agravando.
"Percebemos a doença quando ela começou a ter dificuldades para andar. Seu estado piorou rapidamente e logo ela parou de andar, falar e comer", diz o maître José Roberto Caviquioli, 29, marido de Isabel.
Caviquioli procurou internar a mulher no HC quando ela deixou de aceitar os alimentos que lhe davam. Não conseguiu interná-la.
"Disseram que não havia vagas". O maître recorreu então a um habitual freguês do restaurante em que trabalha –um deputado estadual.
"Ele me deu uma carta de apresentação a um médico do HC", diz Caviquioli.
O maître conseguiu então que sua mulher passasse a ser atendida no ambulatório do hospital. Mesmo assim os problemas continuaram.
"Além de não conseguirmos a internação, três operações foram canceladas", diz.
Eles vão (de táxi) até cinco vezes por semana ao hospital, mas nem sempre conseguem ser atendidos. "Às vezes não há médico", diz.
Após a sessão de radioterapia ontem, o maître e sua mulher esperaram das 14h às 17h35 por uma ambulância que os levaria para casa.(Luís Eduardo Leal)

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