São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994
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STJ ajuda Lula

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Como peça de marketing pessoal, a decisão que isentou ontem Quércia da acusação de estelionato deve ser exposta na galeria de troféus do candidato do PMDB.
Mas como instrumento de campanha eleitoral, o veredito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) auxilia muito mais a Lula do que propriamente a Quércia.
É certo que, se o processo tivesse prosperado, os problemas de Quércia cresceriam. Mas a rejeição da denúncia não mudou sua situação eleitoral.
Quércia ainda exibe impressionante magreza nas pesquisas. Poucos apostam na sua capacidade de recuperação.
A transformação de Quércia em candidato-réu teria dado aos descontentes do PMDB a desculpa que procuram para aderir a Fernando Henrique.
Daí a importância para Lula do arquivamento do processo. Para o PT, é interessante que a candidatura de Quércia sobreviva, ainda que num crescente processo de inanição.
Não sem motivo o desfecho do caso Israel foi comemorado entre auxiliares de Lula. Agora, os conspiradores do PMDB terão de procurar nova justificativa para a traição a Quércia.
Lideranças como José Sarney, Pedro Simon e Antônio Britto poderiam simplesmente declarar seu apoio ao candidato tucano. A posição política de todos já não constitui nenhum mistério.
Mas eles querem que a morte política de Quércia seja decretada não por decisão pessoal de um grupo de descontentes, mas como resultado da vontade coletiva da maioria do PMDB.
Os peemedebistas insatisfeitos apostam agora no fracasso da propaganda de Quércia na TV. Teriam então o argumento que o STJ lhes negou ontem.
O único inconveniente é que precisarão fingir-se de mortos por mais uns 15 ou 20 dias, tempo mínimo para que se possa medir os efeitos da pregação televisiva de Quércia.
Só lá para o final de agosto ou começo de setembro teriam condições efetivas de dar o bote definitivo contra a candidatura Quércia.
O que anima o PT é a esperança de que, até lá, Lula consiga reagir nas pesquisas, estancando a hemorragia aberta pelo caso Bisol e pelo sucesso do real.
Para o PT, o fortalecimento da musculatura eleitoral de Lula reduziria os efeitos de uma eventual adesão em massa de peemedebistas a Fernando Henrique.

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