São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Atestado eleitoral

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi o próprio advogado Arnaldo Malheiros quem anunciou, de pronto, a utilidade publicitária da decisão do Superior Tribunal de Justiça. "É um atestado de bons antecedentes de Orestes Quércia", reproduziram a televisão e o rádio. "É um atestado de idoneidade", segundo outra versão.
Foi um resultado que "nem os advogados esperavam", segundo o Jornal Bandeirantes, tamanha a diferença em favor de Orestes Quércia. Na televisão e no rádio, também ninguém parecia esperar. De Boris Casoy, no TJ Brasil, a Francisco Pinheiro, no Jornal Bandeirantes, os âncoras reagiram com cautela, até espanto.
O primeiro disse que "Orestes Quércia não pode ser descartado" agora, mas está muito longe dos dois líderes. O segundo ressaltou que foi "a maior vitória" do candidato peemedebista na campanha e chamou o comentarista político –que disse já estar "cristalizado" o cenário eleitoral.
Mas nenhum dos noticiários, em momento algum, arriscou uma opinião definitiva. Muito menos uma crítica à Justiça.
A cobertura na televisão e no rádio foi toda ela muito sóbria –até algo estupefata. O Jornal Nacional, assim, procurou dar uma importância menor à notícia e usou o mesmo registro distante dos demais: "O Superior Tribunal de Justiça rejeita denúncia contra o candidato do PMDB a presidente, Orestes Quércia."
Como registrou a rádio CBN, foi mesmo "surpreendente". Orestes Quércia era dado como morto em seu próprio partido. Agora, distante ou não de Lula e Fernando Henrique, tornou-se uma ameaça aos dois –e também aos que assistiam com alívio uma escolha entre os líderes de agora, tidos como imaculados.
Pois Orestes Quércia agora tem, também ele, a sua prova de um passado limpo, ou de idoneidade. Um atestado que vai pendurar com orgulho, na televisão. Para ele, a campanha está só começando.
Iguais
O renascimento de Orestes Quércia acontece depois de dois intelectuais –Francisco Weffort e José Arthur Giannotti, o primeiro por Lula, o segundo por FHC– confirmarem na televisão que os líderes da campanha presidencial estão parecidos demais.
No Questão de Ordem da CNT, sociólogo petista e filósofo tucano trocaram elogios e concluíram, por exemplo, que o Congresso vai melhorar muito em qualidade com o aumento da bancada de PT e PSDB. Foi um encontro de iguais –como aquele de Lula e FHC, no fim do debate da CNBB.
Melhor para Orestes Quércia, tão diferente dos dois.

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