São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994 |
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Empresa faz campanha ilegal para FHC
GABRIELA WOLTHERS
Os empregados do turno da manhã receberam ontem seus contracheques com um pequeno rasgo na parte superior. Ao abrir os envelopes, encontraram "santinhos" de FHC. O artigo 377 do Código Eleitoral proíbe que qualquer firma que realiza contrato com o poder público beneficie partido ou candidato. A firma em questão fornece para as empresas aéreas em Brasília os alimentos servidos durante os vôos. A Comissaria é uma empresa privada, mas, para vender seus produtos e transitar pelo aeroporto, é obrigada, por lei, a firmar um contrato com a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) –órgão subordinado ao Ministério da Aeronáutica. Além disso, a firma funciona em um prédio que pertence à Infraero, há cerca de 300 metros do Aeroporto Internacional de Brasília. O artigo 377 diz expressamente que "inclusive o respectivo prédio e suas dependências" não poderão ser utilizados para propaganda. Não só a propaganda é ilegal, como não surtiu o efeito esperado. "Preferia ver mais dinheiro do que propaganda de candidato", disse o auxiliar administrativo Oziel. O contracheque do também auxiliar administrativo Lúcio registrava um salário de R$ 150. "Não bastava este salário, ainda sou obrigado a ver uma porcaria destas", desabafou o funcionário. O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Distrito Federal, José Zunga, disse que vai entrar hoje com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a empresa. Segundo o TSE, FHC não pode ser responsabilizado pelo ato da firma, mas a Comissaria pode ser notificada. Outro lado O diretor do Departamento Financeiro da Comissaria Aérea Brasília, Eugênio de Carvalho Júnior, afirmou que a distribuição da propaganda foi "um equívoco" de um funcionário. "Assim que recebemos reclamações dos empregados, interrompemos a distribuição", disse o diretor. Ele se negou a revelar o nome do empregado. O diretor, no entanto, admitiu que a idéia inicial era colocar os "santinhos" de FHC ao lado do guichê de pagamento da empresa. "Quem quisesse, pegaria, ficando mais à vontade do que ver a propaganda nos contracheques", alegou Carvalho Júnior. Se a empresa assim procedesse, também estaria incorrendo numa Ilegalidade. Texto Anterior: Revista traz cheque de doleiro de PC depositado na conta do PT Próximo Texto: Encanadores Uni-vos! Índice |
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